SENAG: Entidades gestoras partilham vertente aparente das suas perdas de água
No segundo dia do SENAG (Seminário Nacional de Abastecimento de Água), foi apresentada uma mesa-redonda dedicada ao tema “Contribuir ativamente para reduzir as perdas de água – vertente aparente”, onde várias entidades gestoras do setor partilharam um pouco da sua experiência no combate a este problema.
Paulo Lima da AGERE, entidade responsável pelo abastecimento de água no concelho de Braga e que este comemora 25 anos, referiu que os maiores objetivos da empresa passam pela redução da água faturada,
A AGERE tem telemetria há cerca de 18 anos e está perto de atingir os 97 mil clientes: “conseguimos educar as pessoas que para terem água, têm de honrar os seus compromissos”, referiu quando questionado sobre ilícitos no consumo de água. “Efetuamos, durante uns períodos, deteção de zonas de rega que não estavam a ser medidas, havia zonas que não tinham contadora, os marcos de incêndio também eram usados devidamente”, exemplificou Paulo Lima.
Por sua vez, Pedro Bernardino da Águas de Santarém confirma que esta entidade também se focou na fiscalização de consumos ilícitos e na gestão do parque de contadores: “colocamos contadores em ensaio e percebemos que tínhamos um grande problema e quanto traduzimos isso em euros foi fácil convencer a administração a investir”. Desta forma, só em finais de 2018 é que a Águas de Santarém começou efetivamente o combate às perdas de água.
Desde essa data, a entidade gestora reduziu para 21% a água não faturada, mas mesmo assim os ilícitos continuam a aumentar. Em seis anos, cobrou 175 mil euros em acordos com os consumidores que não cumpriam a lei.
No caso da Indaqua, Susana Santos evidenciou que “as perdas aparentes assumem particular importância por questões económico-financeiras, mas também por justiça social”. No universo desta entidade gestora a água não faturada está nos 11%, muito devido a “planos de fiscalização constantes”.
E na situação de ilícitos, explicitou que a empresa tem 93,5% de taxa de sucesso de negociação com o cliente não cumpridor, sendo raras as ocasiões onde são instaurados processos de contra ordenação ou uma queixa crime: “avisamos o cliente porque tem a água suspensa e o que pode fazer para regularizar a situação”.
Além disso, “é preciso também conhecer o terreno, como se caracteriza e depois analisar os consumos médios”.
Já os Serviços Municipalizados de Castelo Branco olham para as perdas aparentes com algum cuidado, pois tratam-se de “perdas comerciais” e “colocam em causa a sustentabilidade da organização”, disse Susana Valente, mostrando que os SM tinham valores de água faturada de 26% em 2012. No último ano este número descey para os 15%, cujos 5% dizem respeito a perdas aparentes.
Para a responsável o mais importante não é só medir, mas “medir bem”. Alguns fatores atentos da entidade passam pela correta instalação dos contadores, de acordo com o cliente e local a que se destinam, pela monitorização através de loggers, por perceber o caudal mínimo, máximo e de ponta, pela leitura mensal dos grandes clientes e pela deteção de fugas. Outra preocupação são as regas e fontes ornamentais e a realização de ensaios sistemáticos a todos os contadores que saem da rede e que entram na rede.
O SENAG, organizado pela APDA (Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem das Águas), decorreu durante os dias 2 e 3 de outubro, no Hotel dos Templários, em Tomar. A Ambiente Magazine foi media partner deste evento.
Leia mais aqui…
SENAG: Entidades defendem aumento da tarifa da água ao consumidor para cobrir custos