O verão deste ano foi o segundo mais quente de 1931. O primeiro tinha sido em 2005, de acordo com o boletim sazonal de verão que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), noticiado hoje pelo Público.
Nas Penhas Douradas, serra da Estrela, onde costumam observar-se as mínimas mais baixas, atingiu-se no mês passado um novo recorde de temperaturas: 32,5º Celsius. A temperatura mais alta registada até agora nas Penhas Douradas tinha sido em 1988, quando o termómetro marcou 32,1ºC no dia 8 de setembro.
Este pico replicou-se na maioria das 82 estações meteorológicas de Portugal Continental no mês de setembro deste ano, confirmando tendência verificada nos últimos 40 anos para uma subida das temperaturas médias e máximas no verão, mas também nas temperaturas anuais em Portugal.
Essa tendência crescente iniciou-se nos anos 70, mas acentuou-se fortemente desde 2000. Seis dos dez verões mais quentes desde os anos 1930 foram observados depois da viragem do século.
Assim, olhando apenas para o verão, constata-se um aumento em todas as temperaturas (mínima, média e máxima) desde 1976. E uma subida da temperatura máxima, em média, em mais de meio grau Celsius por década entre 1976 e 2016.
A manter-se a tendência atual, poderá registar-se um aumento em quase dois graus nas temperaturas máximas até 2050. Nos próximos 35 anos, a este ritmo, é também previsível uma subida de 1,33ºC nas temperaturas médias nos meses de verão, explicou ao Público, Fátima Espírito Santo, coordenadora da Divisão de Clima e Alterações Climáticas do IPMA.
A NASA confirmou há umas semanas que o mês de agosto foi o mais quente a nível global, dos últimos 136 anos, o mesmo acontecendo com o valor de julho de 2016. Nestes dois meses a temperatura média no planeta Terra foi a mais alta desde que há registos instrumentais globais, que tiveram inicio em 1880, refere a NASA.
Em Portugal, neste verão, várias regiões atingiram novos recordes. Isso aconteceu em julho e agosto, mas sobretudo em setembro, quando os maiores saltos verificados nas temperaturas máximas se estenderam a grande parte do território.
Com os 44,1ºC observados a 5 de setembro, Pegões ultrapassou em três graus o último recorde atingido, para um mês de setembro, que tinha sido 41,1ºC em 2006. Em Lisboa, o anterior recorde para um mês e setembro, atingido em 1987, foi excedido, mais uma vez este ano, em quase quatro graus, passando de 37,5ºC a 41,4º.
A Lousã, com 45º, e Mora, com 43,7º, foram outros dos locais que ultrapassaram recordes para um mês de setembro, nalguns casos no dia 5 e de novo, no dia 6 – o mais quente do ano.
O Boletim sazonal do verão mostra um tempo muito quente e muito seco nos meses de junho, julho e agosto. Também este ano choveu menos um terço da média habitual da quantidade de precipitação para os meses de verão.