O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, disse esta passada quinta-feira, dia 23, ter sido “muito claro” e em “completa sintonia” com o ministro relativamente à hipótese do racionamento de água em “situação de recurso”, devido à seca.
“Estamos, nessa matéria, como em todas as matérias com quem partilho as competências que me foram delegadas pelo ministro, em completa sintonia”, afirmou Carlos Martins, frisando que “só uma interpretação muito rebuscada” pode levar à ideia contrária.
Questionado pela agência Lusa, à margem do Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento (ENEG), em Évora, em cuja sessão de encerramento discursou, o secretário de Estado rejeitou as críticas feitas pelo líder parlamentar do PSD, na quarta-feira.
O presidente da bancada parlamentar social-democrata, Hugo Soares, acusou o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e o secretário de Estado Carlos Martins de criarem “alarme social” com declarações “tão diferentes” sobre o racionamento de água à noite, devido à seca, o que revela “desnorte”.
Em entrevista publicada na edição de terça-feira do jornal i, Carlos Martins admitiu o racionamento de água à noite, mas, nesse mesmo dia, no ENEG, em Évora, o ministro da pasta disse tratar-se de uma “hipótese teórica” e que está “no fim da linha”.
Hoje, o secretário de Estado afiançou ter sido “muito claro” nas suas declarações e argumentou que os que criticam “ou não leram a entrevista ou não interpretaram as palavras do ministro”.
“Não há nada de inconsequente nas abordagens. Eu fui muito claro, dei até o caso de S. Paulo como um exemplo paradigmático”, para demonstrar “que eu não era favorável a que houvesse cortes e racionamento, porque eles dão, geralmente, mau resultado”, assinalou.
“E, muitas vezes, até em prejuízo do próprio recurso, porque as pessoas descarregam depois, sem utilizar, o que armazenam nas banheiras, nos baldes, nos lavatórios porque, no dia a seguir, abrem a torneira e ela continua lá”, acrescentou.
Segundo o governante, a “medida mais eficaz” passa pela “redução da pressão” de água “à noite”, pois, “tem dois efeitos: Reduz o consumo daqueles que continuam a consumir à noite” e provoca “menos perdas no caso das redes que têm muitas perdas, porque às vezes são provocadas pelo excesso de pressão”.
Na entrevista, afiançou, o que admitiu foi o racionamento de água à noite “em situação de recurso, como diz o ministro, em fim de linha”. “Não é coisa que desejemos. Estamos empenhados em que isso não ocorra”, argumentou.
Por outro lado, o secretário de Estado do Ambiente adiantou que o Governo pretende “criar um modelo” para que “os municípios que têm dívidas muito elevadas ao grupo Águas de Portugal as possam vir a liquidar em períodos de tempo um pouco maislongos”, sendo que o Orçamento do Estado para 2018 (OE2018) “pode abrir” essa “possibilidade”.