Carlos Martins fez a sua primeira intervenção pública na qualidade de secretário de Estado do Ambiente, ao final da tarde de ontem, na sessão de encerramento do ENEG. O novo membro do governo elogiou o desempenho do país no setor da água, dizendo que “Portugal melhorou de uma forma muito significativa a sua performance” nesta área. “Esta comunidade discute o que de mais moderno há no setor”, frisou, referindo-se às entidades participantes no evento.
Contudo, o novo secretário de Estado do Ambiente não deixou passar em branco alguns dos que considera serem os problemas da indústria da água.
“Mais do que o litoral ou o interior foi o financiamento a fundo perdido que influenciou as tarifas finais. E é fácil perceber porque é que os sistemas começaram quase todos pelo litoral. Para cumprirmos aquilo que eram os nossos objetivos perante a Europa cada euro investido numa área metropolitana correspondia a muito mais população servida. Não questiono a estratégia mas seria interessante se tivessem conseguido financiar todos a 90%”, defendeu.
Carlos Martins, lançou, ainda, alguns desafios para o futuro e esclareceu algumas das intenções do novo governo no setor do ambiente.
“Não podemos colocar as expetativas muito elevadas. Podemos fazer um caminho mais lento e mais consistente para que a meta possa ser só de 1% a 2% ao ano mas que a gente possa fazer e ter resultados com alguma alegria. Temos de concentrar os nossos investimentos onde as oportunidades são grandes”, sublinhou, acrescentando que o executivo vai procurar “promover um conjunto de medidas favoráveis à abertura de novas candidaturas e à sua aprovação no decorrer do primeiro semestre de 2016”. “Procuraremos dar um impulso quantitativo e qualitativo dos sistemas em baixa nomeadamente”, salientou.
O secretário de Estado do Ambiente deixou, ainda, uma sugestão à organização do ENEG. “Há que pôr o conhecimento técnico a favor de quem mais precisa, os municípios. Os municípios não encontrarão soluções sozinhos. Neste ENEG, faltaram, por exemplo, os pequenos municípios, porque não têm capacidade para virem a este evento e, por isso, lanço o desafio à organização para a próxima edição”.
“Já não posso corrigir o passado mas tenho a responsabilidade de não cometer os mesmos erros. É tempo de encontrar soluções a uma outra escala”, concluiu.