A nova secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, “abriu” o Portugal Renewable Summit 2019, organizado pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), que decorre hoje na Fundação Oriente, em Lisboa. O seu discurso recaiu, sobretudo, sobre o uso dos recursos e a escassez de materiais necessários à transição energética.
Apresentou-se como engenheira do Ambiente e afirmou ter aceite o convite da APREN com o objetivo de nos colocar uma pergunta: “Se de hoje para amanhã a nossa produção de energia fosse 100% renovável, do ponto de vista ambiental significa que eu posso ter a luz da minha casa sempre acesa? O meu carro sempre ligado? A fábrica sempre a produzir?”.
Segundo Inês Costa, são muitos os que acreditam que “basta trocar combustíveis fósseis por energias renováveis para que todos os nossos problemas se resolvam”. No entanto, as renováveis são “difusas” pelo que “terão sempre de ser capturadas através de estruturas materiais”, ou seja, “embora a energia seja limpa essas estruturas podem não ser”. Em suma, “a única energia verdadeiramente limpa é a que não consumimos”.
O Banco Mundial estima que para “produzir de modo renovável a energia necessária para uma economia global até 2050” é necessário:
- 34 milhões de toneladas de cobre;
- 40 milhões de toneladas de chumbo;
- 50 milhões de toneladas de zinco;
- 162 milhões de toneladas de alumínio;
- 5 mil milhões de toneladas de ferro.
Atualmente, “a Europa apenas garante internamente 9% dos materiais críticos de que necessita para alimentar a sua economia”, adianta a secretária de Estado, acrescentando que “para alguns materiais não existem reservas, extração ou produção suficientes para garantir a transição necessária no tempo que se exige”.
Inês Costa garante que “uma transição do fóssil para renovável não pode ser feita transferindo impactes para outros sistemas ambientais — para o nosso solo, para a nossa água, para o nosso ar ou biodiversidade” até porque colocam-se 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e “energia limpa e acessível é apenas um deles”.
A secretária de Estado de Ambiente defende que “precisamos de ser mais inteligentes com o uso dos nosso recursos, sejam renováveis ou não” e daí a importância da economia circular: “Para mim, enquanto secretária de Estado do Ambiente, do Ministério do Ambiente e Ação Climática, é claro o nosso papel e contributo para incutir a visão de uma economia circular de baixo carbono na economia, na sociedade e na governança.”
O desafio da transição energética é um “desafio humano” e “o que enfrentamos hoje é uma escolha entre proteger a economia protegendo o ambiente ou permitir que o desastre ambiental crie um desastre económico”, termina.