A seca e os incêndios tiveram reflexo nas emissões de dióxido de carbono, que terão aumentado, levando a um agravamento da qualidade do ar, em 2017 relativamente a 2016, disse ontem o secretário de Estado do Ambiente.
“Em 2017, vamos ter um agravamento das emissões, com isso a influenciar algum agravamento da qualidade do ar”, avançou Carlos Martins, falando aos jornalistas, em Lisboa, à margem da apresentação do Relatório do Estado do Ambiente 2017 (REA), referente a dados de 2016.
O governante explicou que a qualidade do ar em 2016 “tinha sido a melhor algum dia registada com muito menos dias sem a classificação de bom”, ou seja, com menos de bom.
O ano passado “não trará, com certeza, essa trajetória porque, infelizmente, houve ocorrências em algumas zonas do país que habitualmente” apresentam uma boa qualidade do ar, e agora “terão tido períodos ou dias afetados”, especificou.
Durante a sessão de apresentação do REA, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, referiu que as 69 milhões de toneladas de dióxido de carbono atingidas representaram uma descida relativamente a anos anteriores, mas que “em 2017, devido à seca e aos fogos florestais, os números vão elevar-se para próximo daqueles atingidos em 2005”, devendo atingir “cerca de 80 milhões de toneladas”.
Os incêndios florestais de 2017, que causaram 116 mortos e uma das maiores áreas ardidas de sempre, exigiram uma mudança do ‘mix energético’, com alterações no desempenho das renováveis, nomeadamente das barragens.
“Limitamos a partir de maio a produção de energia elétrica a partir das soluções hídricas para garantir, por um lado, a rega e, por outro, o abastecimento público de água às populações, como prioridades máximas”, referiu o secretário de Estado do Ambiente.
Os produtores de energia tiveram de encontrar outras fontes alternativas para que a eletricidade não faltasse na casa dos consumidores, nomeadamente o carvão e o gás natural que, sobretudo o primeiro “agrava a qualidade do ar”, acrescentou.
Quando estiverem disponíveis os dados sobre 2017, resumiu o responsável, “trarão uma trajetória, um valor que será penalizante”.
O REA 2017 reporta “uma fotografia de 31 de dezembro de 2016 e ainda não reflete as implicações da seca e dos incêndios florestais”, fez questão de referir o secretário de Estado, recordando que estão a ser feitos esforços para que as estatísticas relacionadas com o Ambiente passem a disponibilizar dados mais atuais.
Aquele documento, disponibilizado no ‘site’ na internet da APA na semana passada, abrange dados sobre economia e ambiente, energia e clima, transportes, ar e ruído, água, solo e biodiversidade, resíduos e riscos ambientais.