Seca ameaça biodiversidade em Cabo Verde
O ministro da Agricultura e Ambiente cabo-verdiano disse hoje que a seca que se vive no país está a ameaçar a biodiversidade, devido à pressão sobre a cobertura vegetal, e aconselhou pecuária e pastoreio mais bem controlados, segundo a Lusa.
“A seca deste ano ameaça a biodiversidade, no sentido em que podemos estar a pressionar demasiado toda a cobertura vegetal, sabemos do pastoreio livre e desordenado que é levado a cabo em vários sítios em Cabo Verde”, alertou Gilberto Silva.
O ministro da Agricultura e Ambiente falava aos jornalistas, na cidade da Praia, durante uma cerimónia de condecoração de entidades que têm contribuído para a conservação da biodiversidade durante as últimas décadas, evento organizado no quadro da comemoração ao Dia Internacional da Biodiversidade.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da associação ambientalista cabo-verdiana Biosfera I, Tommy Melo, alertou que a seca que se vive em Cabo Verde está a ameaçar várias espécies e a afastar aves migratórias cujos habitats se situavam junto das barragens.
O ministro do Ambiente reconheceu que há flutuações e que Cabo Verde é um país de secas frequentes, mas disse que não é por causa disso que espécies migratórias vão deixar de passar pelo arquipélago. Gilberto Silva alertou que a biodiversidade está ameaçada no país, mas por causa de muita pressão sobre a cobertura vegetal.
“Isto tudo põe em causa o equilíbrio do ecossistema, provoca erosões, destrói a biodiversidade e Cabo Verde fica deste ponto de vista mais ameaçado”, sustentou o governante, aconselhando, por isso, a uma pecuária e pastoreio mais bem controlados, sobretudo nas áreas protegidas.
“Vamos ter que levar a cabo toda uma ação, de uma pecuária mais contingentada, de um pastoreio de longe melhor controlado e vermos se promovemos a restauração da nossa cobertura vegetal em vários sítios e o equilíbrio ecológico necessário das comunidades vegetais”, apontou.
As condecorações foram atribuídas a parceiros técnicos e financeiros nacionais e internacionais, nomeadamente à Holanda, Canárias, Forças Armadas, Universidade de Cabo Verde, Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP), Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA), Programa Regional de Conservação da Zona Costeira e Marinha (PRCM) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O dia internacional da biodiversidade é comemorado este ano sob o lema “Celebrando 25 anos das de ação para a biodiversidade”, escolhido para marcar as duas décadas e meia da entrada em vigor da convecção sobre a biodiversidade biológica.
O ministro assinalou “os ganhos” na conservação da biodiversidade em Cabo Verde nos últimos 25 anos, como o quadro legal instituído, os estudos técnicos e científicos realizados, a valorização das espécies, capacitação dos recursos humanos e mobilização da sociedade. O governante afirmou que o objetivo agora é consolidar os ganhos e traçar novos passos, porque, entende, o “caminho é longo” e as fragilidades do país “são grandes”.
“Enfrentamos as vicissitudes impostas pelas mudanças do clima e é neste contexto agravado que temos que proteger a nossa biodiversidade marinha e terrestre, caracterizada por um número bastante considerado de endemismos”, frisou Gilberto Silva. “A humanidade tem todas as razões para se preocupar com a conservação da biodiversidade. Afinal, assegurar a estabilidade e o equilibro ecológico é agir pela sobrevivência do próprio homem”, concluiu.