A Câmara de São João da Madeira anunciou que vai distribuir ecopontos caseiros por 1600 famílias do concelho, testar uma forma de as compensar pela separação de resíduos e acabar com copos de plásticos nos eventos municipais, noticiou a Lusa.
“Vamos incrementar a recolha seletiva porta a porta e tentar abranger 1600 famílias, dando-lhes 4.800 contentores [distribuídos em conjuntos de 3] para começarem a separar os resíduos em sua casa”, revelou o presidente da autarquia, Jorge Vultos Sequeira.
A Câmara já tem disponíveis 230.000 euros para a aquisição desses ecopontos domésticos e pretende assim “introduzir em São João da Madeira uma grande mudança de paradigma e de comportamento”.
Outra medida antecipada pelo autarca é a implementação de um projeto-piloto destinado a compensar as famílias pela sua contenção na produção de resíduos, com recurso a mecanismos que permitam registar o volume de lixo reunido para cada recolha.
“O objetivo é medir a quantidade que cada pessoa produz e, no final, mudar o nosso sistema de taxação de resíduos sólidos urbanos, para que cada um pague só de acordo com o que produziu”, explica Jorge Vultos Sequeira, que assim defende “o princípio de utilizador-pagador”.
A terceira medida com vista a um “município mais sustentável” segue as diretivas internacionais destinadas a reduzir o plástico de utilização única até 2020, para inverter uma produção que, ao ritmo atual, dentro de 10 a 20 anos será responsável pelo que o presidente da Câmara descreve como “um efeito catastrófico no ambiente”.
Nesse sentido, a autarquia “vai criar um conjunto de iniciativas que visa atacar o uso de plástico” e entre essas inclui-se a eliminação nos eventos municipais de copos, pratos, palhinhas e outros objetos de utilização única ou descartável.
Outra mudança a operar dentro dos serviços municipais, de acordo com um despacho de aquisição de consumíveis já assinado hoje: “Comprar só papel reciclado e tentar reduzir em 25% o próprio consumo de papel”.
“Temos que ser fanáticos a este respeito”, defende Jorge Vultos Sequeira.
O concelho de São João da Madeira tem 21.731 habitantes e uma população flutuante que, dado o forte tecido empresarial do concelho e os 6.000 alunos que frequentam as suas 22 escolas, eleva diariamente essa comunidade para o dobro.
Segundo a autarquia, o município é assim “o concelho da Área Metropolitana do Porto com maior atividade de não residentes”, o que em 2018 contribuiu para uma produção de quase 9.700 toneladas de lixo indiferenciado. Isso representa uma produção média anual de 446 quilos de resíduos por habitante – ainda assim abaixo dos 484 quilos per capita da média nacional.
Pelo concelho de 7,94 quilómetros quadrados estão distribuídos 90 ecopontos, o que representou cerca de 720 toneladas de resíduos recicláveis. Cada uma dessas estruturas de recolha seletiva serve em média 241 habitantes, o que está em linha com a média europeia de um ecoponto por cada 238 residentes e é bastante melhor do que a média nacional, de um por cada 488 cidadãos.
A recolha seletiva envolve ainda um ecocentro municipal – que em 2018 recebeu 11.602 toneladas de lixos como os de construção, óleos, verdes e madeiras – e um programa próprio de “comércio verde” com uma equipa específica para percorrer as 22 escolas locais e os 300 estabelecimentos comerciais aderentes – onde se recolheram mais de 310 toneladas de resíduos recicláveis.
É dada essa disseminação de recursos que o presidente da Câmara afirma que deixar “sacos de papel na rua a 50 metros de um ecoponto é um ato de vandalismo inaceitável”.
A educação ambiental nas escolas constitui, ainda assim, “uma tradição do município” e, graças a 233 sessões pedagógicas, terá ajudado a que em 2018 a produção global de resíduos indiferenciados no concelho diminuísse 2,29% e 227 toneladas face a 2017
As metas anuais definidas para reciclagem pela empresa ERSUC, que assegura a limpeza urbana no concelho, também foram todas ultrapassadas em 2018: a fasquia para vidro era uma média de 15 quilos por habitante e em São João da Madeira recolheram-se 17; o objetivo para plásticos era 7 quilos por pessoa e atingiram-se os 10; a baliza para o papel era 8 quilos per capita e chegou aos 18 – no que terão influído os contentores especiais para embrulhos de Natal.
Feitas as contas ao lixo indiferenciado, ao reciclável e ao depositado no ecocentro, Jorge Vultos Sequeira garante que foi valorizado “57% do total de resíduos produzidos”.