Sucedem-se quase diariamente os sinais de alarme. Os ambientalistas mostram-se preocupados com o ritmo a que a mancha florestal na Amazónia brasileira está a encolher, invocando o combate à desflorestação ilegal. E não é de hoje. Sabendo isso, a organização do Rock in Rio, que mantém um projeto de reflorestação da floresta chamado Amazonia Live desde 2016, reagiu com um anúncio: vai restaurar nos próximos anos 73 milhões de árvores.
No final das contas, o objetivo é recuperar uma área equivalente a quase 30 mil hectares até 2023, travando a destruição da maior floresta tropical do mundo. Para que essa meta possa ser atingida, o Rock in Rio uniu esforços com o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia que, em contrapartida, permitiu engrandecer o compromisso em larga escala – saltando de uma meta de um milhão de árvores para mais de 70 milhões.
Em declarações à Ambiente Magazine, a coordenadora do Projeto Social do Rock in Rio, Dora Palma, fez questão de dizer que a missão do Amazonia Live não se resume apenas à revitalização da Amazónia. O desafio passa também por “estabelecer um diálogo com todas as pessoas sobre o cuidado com o nosso planeta e mostrar que todos – enquanto indivíduos, governos e empresas – somos responsáveis por fazer a diferença em prol de um futuro mais saudável e sustentável, sensibilizando para o problema das alterações climáticas e chamando à atenção para o papel de cada um de nós no combate às mesmas”, refere.
Esta iniciativa resulta de uma parceria estabelecida entre o Rock in Rio com o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, o Fundo Global do Meio Ambiente (Global Environment Facility), o Banco Mundial, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), a Conservação Internacional (CI-Brasil) e o Instituto Socioambiental (ISA).
As primeiras conquistas
Só no primeiro plantio, em 2016, foram plantadas quase nove toneladas de sementes na região das bacias hidrográficas dos rios Xingu e Araguaia. Cada uma delas garantiu a recuperação de 133 hectares reflorestados.
Sumaúmas, jequitibás-rosa, castanheiras e gameleiras, árvores gigantes da floresta amazônica com mais de 30 metros de altura e centenas de anos de vida – cabe à população indígena local fazê-las despontar. São estes povos que recolhem as sementes nativas na floresta que, em conjunto, formam a muvuca de sementes plantadas diretamente no solo.
A coordenadora do Projeto Social defendeu ainda que, “além de contribuir para o equilíbrio ambiental, o Amazonia Live estimula a economia local”, sendo apenas um milhão plantadas é responsável pela criação direta de 50 postos de trabalho. Estima-se que esta iniciativa venha a gerar quase 355 mil euros de rendimento para as famílias coletoras de sementes, membros da Associação Rede de Sementes do Xingu, para além de dinamizar a economia regional em mais de um milhão de euros. O projeto Amazonia Live decorre até 2019.
Cronologia:
2001 – Início do projeto social “Por um Mundo Melhor”
2006 – 19 mil árvores plantadas na Mata Militar de Mafra, no primeiro projeto de plantação de árvores
2010 – 24 mil árvores plantadas na Pampilhosa da Serra
2015 – 60 mil árvores plantadas na Califórnia
2016 – Lançamento do projeto “Amazonia Live”
– Um milhão de árvores doadas pelo Rock in Rio
– Um milhão de árvores doadas pelo Banco Mundial
– 800 mil árvores doadas pelo CI-Brasil
– Concerto nas águas do Rio Negro, em Manaus
– Mais de 40 mil árvores doadas no Rock in Rio Lisboa
2017 – Mais de 50 mil árvores doadas, através da venda de ingressos, no Rock in Rio
– Garantidas 70 milhões de árvores, através da parceria com o Projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia
– 44 mil árvores garantidas no Leilão do Rock in Rio 2017