O troço internacional do rio Minho foi repovoado, nos últimos 20 anos, com cerca de 600 mil salmões juvenis em ações conjuntas da Junta da Galiza e do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Os números foram revelados ontem à agência Lusa pelo capitão do Porto de Caminha (um dos parceiros), Pedro Costa, a propósito da ação de repovoamento que vai decorrer hoje com sete mil exemplares juvenis de salmão, uma iniciativa integrada no projeto Migra Minho/Miño.
O Migra Minho/Miño, liderado pela Direção-Geral do Património Natural (DXPN), da Junta da Galiza, é desenvolvido no âmbito do Programa de Cooperação INTERREG VA Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020 e cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Teve início em 2017 e tem prazo de conclusão previsto para este ano.
O projeto, dotado de 2,2 milhões de euros, tem como áreas principais de intervenção “a criação de mais e mobilidade e acessibilidade no habitat fluvial, mitigação de pressões, reforço e melhoria de populações de peixes migradores e a avaliação do impacto das ações desenvolvidas”.
Segundo os dados publicados na sua página na internet, em 2017 e 2018, o Migra Minho/Miño repovoou o rio com mais de 78 mil salmões juvenis, em ações conjuntas da DXPN e do ICNF.
O Migra Minho/Miño visa “a proteção e a gestão sustentável do espaço natural de fronteira que forma a bacia internacional do rio Minho, incluindo os seus afluentes ou tributários, através de uma melhoria das condições do ‘habitat’ fluvial e de medidas que melhorem o estado de conservação das populações de peixes migradores presentes no mesmo”.
Além da componente ambiental, este projeto “quer dar solução às exigências políticas e sociais de proteção e melhoramento do estado natural do troço internacional do rio Minho, mediante a conservação de um dos elementos chave mais ameaçados, as espécies de peixes migradores”. “Isto contribuirá para a preservação e a valorização das atividades pesqueiras tradicionais, bem como ao desenvolvimento socioeconómico sustentável do território transfronteiriço, ao satisfazer as necessidades práticas das atividades comerciais como a pesca, o turismo ou o setor energético”, lê-se na página oficial do projeto ibérico.
As ações de repovoamento com salmonídeos e outras espécies no Troço Internacional do Rio Minho representam uma das competências da Comissão Permanente Internacional do Rio Minho (CPIRM), previstas no regulamento da pesca naquele troço e da qual fazem parte, entre outras, as entidades portuguesas e espanholas com competência em matéria de repovoamento, nomeadamente o ICNF e a Direção-Geral de Conservação da Natureza da Junta da Galiza.
Em declarações à Lusa, o capitão do porto e comandante da Polícia Marítima de Caminha, que preside à delegação portuguesa da CPIRM, explicou que “as ações de repovoamento de salmões no troço internacional do rio Minho decorrem desde 1999 e que, até aos dias de hoje, cerca de 600.000 salmões já foram colocados nas águas do rio internacional”.
Pedro Costa explicou que o repovoamento a realizar na sexta-feira irá decorrer entre Valença, no Alto Minho, e Tui, também para assinalar o Ano Internacional do Salmão. Na ação participarão alunos com idades entre os nove e os 10 anos, de duas turmas de escolas de Valença e Tui, que serão transportadas por embarcações da Polícia Marítima de Caminha e da Comandância Naval do Minho, de Tui.
O responsável adiantou que naquela ação estarão ainda envolvidas a NASCO – Organização para a conservação do salmão do Atlântico Norte e a NPAFC – Comissão do Pacífico Norte para as pescarias de espécies anádromas.
Na sexta-feira, a ação de repovoamento decorrerá entre as 10:30 e as 12:00 (hora portuguesa), com a participação da Autoridade Marítima Nacional, da Armada Espanhola, da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, da Junta da Galiza e do Aquamuseu do rio Minho, instalado em Vila Nova de Cerveira.
Na parte fluvial, a bacia internacional do rio Minho, é conhecida a presença de 24 espécies de peixes pertencentes a 14 famílias e repartidas em 18 espécies autóctones. Entre estas, seis são diádromas (incluindo a truta marisca), oito anfídromas, cinco residentes (incluindo a truta residente) e seis espécies alóctones. Das espécies, 75% são autóctones e, destas, 21% apresentam um importante valor de conservação, já que são espécies endémicas a nível peninsular.