Um estudo concluiu que a retirada do mercado de substâncias de alguns fitofarmacêuticos provocaria uma queda de 810 milhões de euros no rendimento agrícola, principalmente no tomate, pera e azeite, mas também no vinho, inviabilizando a exploração empresarial.
A fileira do vinho, a mais representativa em termos de valor global, ao atingir 776 milhões de euros, perderia quase metade do rendimento (46%), ficando nos 416,9 milhões de euros, enquanto a produção de azeite seria afetada em mais de metade, realça o trabalho.
O estudo sobre o “Impacto Económico da retirada de Substâncias Ativas em Culturas Chave em Portugal” é hoje apresentado em Lisboa pela Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas (ANIPLA), tendo seguido uma metodologia acordada com 27 entidades e partiu do risco de exclusão, a nível europeu, de 130 substâncias, 112 das quais homologadas em Portugal. Incidiu nos produtores das fileiras do vinho, azeite, milho, grão, pera rocha, tomate e indústria de tomate, áreas que, segundo estimativas de 2015 apontadas pela ANIPLA, representam 1,5 mil milhões de euros em exportações.
Assim, o impacto da retiradas daquelas substâncias afetaria mais de metade, ou 55%, do total do rendimento obtido com aquelas produções. “Os problemas fitossanitários não terão controlo eficaz, diminuindo a competitividade da nossa agricultura e aumentando a dependência do exterior para o abastecimento de alimentos”, alerta a ANIPLA, acrescentando que, “de uma forma geral, o impacto da retirada destas substâncias ativas inviabiliza a exploração empresarial de qualquer das culturas em análise”.
O setor do tomate sofreria o impacto mais forte, perdendo 82% do rendimento, ao passar dos atuais 142,5 milhões de euros, para 26,1 milhões, aponta o estudo. Sem aquelas substâncias fitofarmacêuticas, a produção de pera, com um rendimento atual de 108 milhões de euros, cairia 76% e no milho a descida seria de 60%, para 78,4 milhões de euros. Na produção de azeite, a queda de 56% levaria a produção aos 105,2 milhões de euros, contra os atuais 240 milhões de euros, refere a ANIPLA.
Segundo a associação, que refere representar 95% do mercado nacional de produtos fitofarmacêuticos, a retirada do mercado destes produtos “conduzirá também a um baixo, ou praticamente nulo, nível de controlo de vários problemas fitossanitários, pela ausência de soluções disponíveis que constitui este cenário”.
Em resposta à Lusa, fonte da ANIPLA disse que “o glifosato nao foi incluído no estudo porque na altura da sua realização não fazia parte da lista de substâncias apontadas como em risco de suspensão”. Além das consequências diretas na produção agrícola, “é preciso apurar impactos” na indústria agroalimentar, a nível social, “por via do desemprego gerado” ou ambiental, com o abandono de terras agrícolas, “as quais se tornarão baldios ou floresta, de forma certamente desordenada, altamente sujeita a incêndios”, alertou o diretor executivo da ANIPLA, António Lopes Dias, citado numa informação a que a Lusa teve acesso.