Restauro ecológico é peça chave para o problema, diz relatório ibérico de incêndios florestais da WWF

Desde 2017 que a WWF realiza o relatório ibérico de incêndios florestais e, nesta terça-feira, 9 de julho, o mesmo foi apresentado à imprensa, a par da nova campanha da ANP|WWF, “Fogos de Verão”, alusiva ao simbolismo dos Jogos Olímpicos, que arrancam este mês em Paris.

O novo documento sobre incêndios em Portugal e Espanha evidencia que na última década o número de incêndios tem diminuído, a par da área ardida. Todavia, a área ardida não acompanha a 100% a decrescente taxa de incêndios, porque estes têm maiores dimensões.

Tendo em conta que as alterações climáticas não são o único problema, havendo também a questão do abandono das terras/da atividade agrícola, a WWF explica que apenas 2% dos incêndios se devem a causas naturais. 28% correspondem a incendiarismo e 40% devem-se ao uso negligente do fogo.

Posto isto, o relatório deste ano fala na necessidade de uma “estratégia eficaz para quebrar o ciclo” e a mesma passa pela “prevenção e mais gestão do território” e até pela “atualização do cadastro da propriedade rústica”.

Defendendo a necessidade de áreas mais produtivas (agrícolas, pastorícias) e “paisagens menos inflamatórias aos incêndios”, neste documento a WWF dá primazia ao restauro ecológico para reduzir o risco de incêndio, sendo “algo mais do que só plantar árvores”.

“O restauro ecológico melhora o funcionamento das florestas e os serviços que prestam, preparando a paisagem para os impactos climáticos futuros. Em zonas de elevado risco de incêndio, o objetivo é reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência”, afirma Vasco da Silva, Coordenador de Florestas da ANP|WWF.

Assim, até 2025, está em cima da mesa a elaboração de um Plano Nacional de Restauro, que terá por base o plano europeu de restauro e outras estratégias já ativas. Mas, defende Ângela Mordgado, diretora executiva da ANP|WWF, este plano deverá ser assumido pelo Governo, pois “Portugal tem fundos e instrumentos para fazer acontecer”, mas, como se tem verificado, por exemplo, “apenas 2% do Fundo Ambiental vai para a conservação da natureza”.

Além disso, a responsável frisa a responsabilidade do Executivo em desenvolver um esquema de serviços ambientais, algo que a ANP|WWF tem vindo a fazer de forma independente com apoio de empresas e entidades privadas.

“Este plano também pode ser uma fonte de rendimento para as comunidades”, além de ser um potencial desenvolver do interior do país. Em princípio, este mesmo plano será coordenado pelo ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas).

Campanha “Fogos de Verão”

Foto de: Joana Jesus (ANP|WWF)

A ANP|WWF decidiu assinalar esta época crítica para os incêndios florestais com uma campanha original, relacionada com o evento desportivo que marca este verão – os Jogos Olímpicos, que este ano se realizam em Paris, França, a partir do dia 26 de julho.

Desta forma, “Fogos de Verão” convida a modalidades que não devem ser praticadas para prevenir os incêndios, tais como são exemplos o “arremesso de beatas”, a “queimada artística” e o “empilhamento de lenha”. Todas as dicas podem ser consultadas no site oficial, a par do conhecimento sobre espécies emblemáticas que podem estar ameaçadas com estes comportamentos de risco.