A Resíduos do Nordeste (RN) já conta com 20 anos na gestão de resíduos. Um trabalho que começou antes, em 1997, quando se encerraram as lixeiras e se instalou um aterro sanitário, que começou o trabalho árduo e muito relevante para o território, com os municípios a saberem convergir numa visão estratégica e solidária que mereceu à época o apoio técnico e financeiro das entidades públicas competentes e dos Governos. Para consagrar tal união, foi então criada a RN (2002), que iniciou atividade em 1 de abril de 2003: “Hoje, honrando o passado, continuamos a trabalhar na gestão de resíduos, adotando as melhores práticas, com projetos inovadores e sustentáveis”, afirma Paulo Praça, diretor-geral da RN.
Desde o início que a missão tem sido assegurar o binómio de “promoção do desenvolvimento regional” e da “viabilidade económica e equilíbrio financeiro”. Para tal, tem apresentado uma “evolução sustentável em todos os indicadores”, com relevância para “os capitais próprios que, em 2003, eram de 50 mil euros e, no final de 2021, mais de 14 milhões”, refere o responsável, acrescentando que o total dos investimentos realizados ao longo dos 20 anos foi de 27 milhões de euros: “Queremos continuar a contribuir para a boa gestão de resíduos em Portugal, assumindo a nossa parte das responsabilidades”.
Depois de um ciclo de infraestruturação do sistema “em alta”, nomeadamente com a implementação da Unidade de Tratamento Mecânico e Biológico (UTMB), que representa um investimento de 20 milhões de euros no anterior quadro comunitário, a RN está agora a apostar nas recolhas seletivas (multimaterial e porta-a-porta) e na educação ambiental: “A nossa intenção é aumentar cada vez mais as recolhas seletivas e caminhar no sentido do designado «aterro zero»”.
Até à data, estão em execução oito candidaturas aprovadas pelo POSEUR, representando um investimento de 7 milhões de euros, dos quais se destaca a aquisição de contentores para a recolha seletiva porta-a-porta junto de Instituições e de 300 ecopontos, alargando a rede às áreas rurais e reforçando a rede existente nas vilas e cidades, além de um Centro de Triagem moderno e automatizado que, do ponto de vista energético, vai ser autossuficiente através de um sistema fotovoltaico. Serão também feitos investimentos em novas viaturas mais ecológicas a gás natural, mas também em viaturas elétricas e híbridas.
Apesar da RN estar alinhada com a visão estratégica do PERSU2030, Paulo Praça atenta que o setor dos resíduos deve ser alvo de uma estratégia integrada, numa perspetiva de transversalidade em todas as áreas de governação e de um modelo de responsabilização de todas as entidades: “Que este PERSU2030 traga linhas claras e transparentes de funcionamento ao setor e um forte investimento financeiro para o aumento significativo das recolhas seletivas”, conclui.
*Este artigo foi incluído na edição 99 da Ambiente Magazine