No domingo 8 de maio, a produção de energia renovável na Alemanha atingiu um pico tão elevado que fez os preços no mercado de compra e venda de energia baixar para valores negativos, mais precisamente para menos 124 euros megawatt/ hora consumido.
“É claramente uma exceção. Isto quase nunca acontece. É como se fossem saldos para despachar stock”, comentou o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), António Sá da Costa, citado pelo Diário de Notícias.
A eletricidade que é produzida nas várias centrais elétricas de um país, seja na Alemanha, em Portugal ou na Espanha, é negociada num mercado cujas produtoras fazem ofertas de energia e as que saem primeiro para serem consumidas são as mais baratas, ou seja, as renováveis. Só depois é que a energia que está a ser produzida nas centrais a gás, a carvão ou nucleares é colocada no mercado para vender aos comercializadores que depois vendem aos consumidores finais.
Ora no passado domingo as renováveis na Alemanha produziram 87% do consumo e, portanto, as outras centrais não eram necessárias. As de gás encerraram, mas as de carvão e as nucleares não o podem fazer de forma tão simples e continuaram a produzir. Resultado: começaram a vender ao desbarato para escoar a produção.
Em Portugal, os preços nunca estiveram negativos, porque não há centrais nucleares e a central a carvão não tem necessidade de descer tanto os preços. Mas é cada vez mais normal haver horas em que os preços estão a zero e que os produtores estão a ganhar menos. Por exemplo, em 2014 – que foi um ano recorde para as renováveis – registaram-se 200 horas com os preços a zero. Mas nos primeiros quatro meses deste ano – em que as renováveis voltaram a bater recordes, representando em média 90% do consumo – só se registaram duas horas a zero.