Um relatório publicado há poucas semanas – Relatório Europeu sobre Sustentabilidade 2025 – demonstra que Portugal, entre os 34 países analisados, ficou no 22.º lugar, com um resultado de 70,6 (sendo 100 pontos o limite máximo). Este valor fica abaixo da média da União Europeia (72,8 – a Finlândia é o país com melhor resultado na UE: 81,10) e mesmo da média dos países do sul da Europa (71,2).
Dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) identificados, Portugal tem três que estão no vermelho (nas áreas ligadas ao consumo sustentável, proteção da vida marinha e da vida terrestre), nove no laranja (em áreas como a erradicação da fome, a educação, água, energias renováveis e acessíveis, indústria, cidades sustentáveis e ação climática) e cinco no amarelo (erradicar a pobreza e reduzir as desigualdades, saúde, trabalho digno). Em suma, não há ainda nenhum ODS plenamente concretizado.
O contexto global e europeu
Considerando uma perspetiva global, 19 dos 20 países que encabeçam o índice dos ODS são países europeus. Contudo, os resultados são desiguais entre os países e muitas dimensões do desenvolvimento sustentável não registaram progressos significativos desde 2015, e ainda mais desde 2020. São também conhecidos os desafios com potencial impacto na concretização dos ODS na UE, entre eles os desafios demográficos, económicos, tecnológicos e geopolíticos que se vivem já e que se poderão agudizar num futuro próximo (em alguns casos).
Não obstante o relativo bom desempenho dos países da UE em termos de concretização dos ODS, o facto é que o modelo de produção e consumo que lhe está subjacente é insustentável, visto que se todos os habitantes do planeta vivessem como vivemos na UE, seriam necessários três planetas para suportar todas as necessidades existentes. Portanto existe um desafio duplo: atingir os ODS, mas em pleno respeito pelos limites planetários, algo que a UE está ainda longe de conseguir atingir.
O relatório aponta ainda para desafios transversais ao espaço europeu, como a estagnação e mesmo inversão dos progressos registados nos indicadores que medem as desigualdades nacionais em termos de oportunidades, bem-estar e equidade no acesso e na qualidade dos serviços, e os desafios persistentes relacionados com vários objetivos ligados às temáticas ambientais e da biodiversidade, incluindo os sistemas alimentares e de produção.
O documento dá conta ainda dos impactos negativos do consumo insustentável e das cadeias de abastecimento através de efeitos de arrastamento internacionais e dos progressos lentos em alguns indicadores (como é o caso do ODS16 – Paz, justiça e instituições sólidas) e do ODS17 (Parcerias).