A Mazars, empresa internacional de auditoria e consultoria e o OMFIF, o think tank independente para os bancos centrais, política económica e investimento público, revelam em comunicado de que modo os bancos centrais e os reguladores estão a responder à crise climática.
“Quatro anos após a assinatura do Acordo de Paris, o debate em torno das mudanças climáticas continua a proliferar. As mudanças climáticas vão impactar todas as instituições financeiras e o tema é prioritário na agenda dos supervisores e reguladores a nível global”, afirma Rudi Lang, responsável no Grupo Mazars pelas Instituições Financeiras, e promotor do relatório Mazars-OMFIF, “Combater as mudanças climáticas: O papel da regulação e supervisão na Banca”.
- Uma ameaça à estabilidade
O relatório, sustentado na pesquisa e num questionário realizado a 33 bancos centrais e autoridades de supervisão, concluiu que 70% dos participantes consideram as mudanças climáticas uma ‘grave ameaça’ à estabilidade financeira.
- Reconhecimento – mas que resposta?
Mais de metade dos bancos centrais (55%) afirmam que se encontram a monitorizar os riscos climáticos. Mas existe um desacordo relativamente às responsabilidades nesta questão, com 12% a defenderem que, apesar de verem nas mudanças climáticas um risco sério, a ação deve partir de outras instituições, como é o caso de entidades governamentais.
- Abordagens regulatórias aos riscos climáticos
Os bancos centrais e as autoridades de supervisão estão a integrar progressivamente os riscos climáticos na sua atividade. No futuro, as principais medidas expectáveis são:
- Avaliar o risco climático enquanto risco financeiro em testes de stress;
- Encorajar ou solicitar divulgações financeiras relacionadas com o clima;
- Estabelecer standards de sustentabilidade para o financiamento ‘verde’ por bancos supervisionados.
À medida que as iniciativas para a regularização do mercado – que envolvem a correção de falhas em mercados financeiros – se encontram a conquistar tração, os bancos centrais admitem estarem reticentes relativamente a ferramentas restritivas e monetárias de carácter intervencionista, destinadas a moldar o mercado face a propósitos climáticos.
- Obstáculos
Quase todos os participantes no relatório destacam a ausência de ferramentas, metodologias e informação de análise apropriadas enquanto problemas consideráveis. A disponibilidade e qualidade da informação são preocupações-chave para 84% dos participantes.
A fragmentação de enquadramentos sobre os riscos climáticos é também vista como um desafio central, com 31% dos participantes a afirmarem-se preocupados com a compatibilidade e a consistência de enquadramentos de supervisão.
- Mais testes de stress associados ao clima
A inclusão de considerações relacionadas com o clima em testes de stress encontra-se ainda numa fase inicial, com apenas uma minoria (15%) dos participantes a incluí-los nos seus testes de stress de rotina a instituições financeiras. Mas é expectável que este número dispare, uma vez que mais de ¾ (79%) afirmam que pretendem fazê-lo no futuro.
- Enfrentar o futuro
“O sucesso de qualquer medida vai estar dependente do compromisso dos intervenientes no mercado, que terão que avaliar, divulgar e mitigar os riscos associados a mudanças climáticas e continuar a mudar algumas das suas práticas”,destaca Leila Kamdem-Fotso, Partner de Financial Services da Mazars e que contribuiu para este relatório. “De forma encorajadora, a colaboração já teve início entre reguladores e o setor privado através de várias iniciativas”.