A APA (Agência Portuguesa do Ambiente) acaba de partilhar o seu Relatório de Estado do Ambiente 2024, que faz um resumo global de diferentes setores, como é o caso do Clima e da Energia.
Emissões GEE
Este documento dá conta que em 2022, as emissões de GEE (gases com efeito de estufa), sem contabilização das emissões do “Uso do solo, alterações de uso do solo e florestas” (LULUCF), foram estimadas em cerca de 56,4 Mt CO2eq., representando um decréscimo de 4,4% e 34,5% face a 1990 e 2005, respetivamente.
Incluindo o setor LULUCF, as emissões registaram um ligeiro crescimento de 0,3% relativamente a 2021, sendo o total estimado das emissões de GEE de 50,5 Mt CO2eq., o que corresponde a menos 23,6% face a 1990 e menos 43,7% face a 2005.
Os setores da “Energia”, da “Agricultura”, dos “Processos industriais e uso de produtos” e dos “Resíduos” representaram, respetivamente, 67,2%, 12,3%, 10,4% e 10,0% do total de emissões nacionais de 2022.
As emissões do setor da “Energia”, em particular, apresentaram, em 2022, a seguinte distribuição: “Transportes” – 30,3%, “Produção e transformação de energia” – 14,9%, “Combustão na indústria” – 12,1%, “Outros” – 7,7% e
“Emissões fugitivas” – 2,2% do total de emissões nacionais.
A redução das emissões do setor da “Energia” verificada desde 2017 resultou maioritariamente do fim da produção de eletricidade a partir do carvão (que terminou definitivamente no final de 2021), da transição para o uso de gás natural e do crescimento do contributo das fontes renováveis para a produção elétrica.
O GEE com maior representatividade é o CO2, com cerca de 72% do total das emissões nacionais, em resultado da importância do setor da “Energia” e do uso de combustíveis fósseis.
Precipitação
O ano de 2023 registou o nono valor mais baixo de precipitação desde 2000, tendo-se registado 30 novos extremos de precipitação.
Este foi também o segundo ano mais quente desde 1931 com uma temperatura média do ar superior em 1,04°C ao valor normal 1981-2010 (15,55ºC). Desde 1931, 2023 registou a segunda temperatura máxima mais alta e a
nona temperatura mínima mais alta. Registaram-se 151 novos extremos de temperatura do ar.
Produção e consumo de energia
Em 2022, o saldo importador de energia (16,68 Mtep) apresentou um aumento de 12,2% face a 2021, enquanto a produção doméstica registou uma diminuição de 1,5% face ao ano anterior, situando-se nos 6,78 Mtep.
O consumo de energia final, em 2022, aumentou 2,3% relativamente a 2021, devido essencialmente ao aumento do consumo do setor dos serviços e dos transportes, que se deve em parte à retoma da atividade económica no pós-pandemia por COVID-19.
Para 2022, o valor para a dependência energética foi de 71,2%, sendo o aumento face a 2021 devido sobretudo ao saldo importador.
No mesmo ano, Portugal apresentou uma intensidade energética da economia em energia primária de 87 tep/M€(preços correntes), acima da média da UE-27 que foi de 83 tep/M€(preços correntes). Também em 2022, Portugal registou uma intensidade carbónica de 0,27 kg CO2eq/M€ PIB.
As emissões de GEE por unidade de PIB revelam que, a partir de 2005, se iniciou o processo de “descarbonização” da economia portuguesa, ou seja, a economia nacional começou a emitir menos carbono por cada unidade de riqueza produzida.
Em 2023 verificaram-se sete ondas de calor em Portugal continental: três na primavera, três no verão e uma no outono, mais uma do que no ano anterior. Por outro lado, o número total de dias em onda de calor, no continente e no verão, considerando o somatório dos dias em onda de calor registados em todas as estações meteorológicas, foi, em 2023, 371 dias, muito inferior ao registado em 2022 (918 dias).
Energias renováveis
Em 2022, a produção de energia de origem renovável situou-se em 6.627 ktep, dos quais cerca de 47,6% tiveram origem na biomassa. As bombas de calor contribuíram com 12,8% e o solar térmico com 1,7%.
A produção de eletricidade a partir de Fontes de Energia Renovável, em 2022, situou-se nos 29.910 GWh (33.093 GWh em 2021) e a incorporação de FER para efeitos da Diretiva FER foi de 61%. Esta incorporação permitiu que Portugal fosse o quarto Estado-membro da União Europeia com maior incorporação de FER na produção de eletricidade.
Esta produção teve origem na componente eólica (44,3%), na hídrica (29,6%), na biomassa (13,8%), na fotovoltaica (11,8%) e na geotérmica (0,7%).