Esta terça-feira, 28 de janeiro, o BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável realizou o webinar “Tendências ESG para 2025”, onde explorou os principais temas da área da sustentabilidade, os maiores desafios das empresas e as oportunidades a seguir.
Entre os oradores esteve Philippa Nuttall, Editora do Sustainability Views do Financial Times, que começou por apontar o atual contexto geopolítico mundial como um desafio, essencialmente depois da eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, visto que o político norte-americano quer desinvestir nas energias renováveis e reforçar a aposta na exploração de recursos de origem fóssil.
Alavancando a preocupação dos investidores, a saída dos EUA do Acordo de Paris poderá também trazer entraves, além de uma União Europeia que precisa de se tornar mais competitiva nesta matéria.
Encarando que o reporte climático será global, independentemente destes desafios, Philippa Nuttal afirma que as pessoas terão de “provar que as medidas e política de sustentabilidade também fazem financeiramente e economicamente sentido”. Além disso, é fundamental as empresas e países encararem a sustentabilidade como uma oportunidade de competitividade, visto que a mudança climática tem impactos e custos para os negócios.
Outra interveniente deste webinar foi Isabel Ucha, CEO da Euronext, que veio explicar o papel das bolsas e dos mercados de capitais na caminhada para uma economia mais sustentável. A verdade é que o mercado de instrumentos financeiros ligados à sustentabilidade teve um crescimento exponencial nos últimos anos e “as empresas foram adotando critérios para aplicar neste tipo de investimento”.
A própria Euronext tem diversos compromissos assumidos com a sustentabilidade, entre eles a neutralidade carbónica até 2050, o cumprimento de 1,5ºC do Acordo de Paris e a redução de emissões por parte dos fornecedores. Um exemplo de um passo importante foi o investimento num data center neutro em carbono.
Mas para as empresas cotadas, a Euronext disponibiliza um guia de apoio ao reporte de sustentabilidade, atualizado à medida das regras da União Europeia, serviços de consultoria para aprofundar o apoio às empresas, um portal ESG onde todas as empresas disponibilizam os seus indicadores de sustentabilidade mais relevantes, a Euronext Academy e programas de mobilização de empresas com módulos de sustentabilidade.
Por fim, Tiago Carrilho, Diretor de Conhecimento e Formação do BCSD Portugal, frisou aquelas que serão as tendências ESG para este novo ano, começando por mencionar a regulamentação, a transparência e o reporte, visto que a CCDR está à porta e será transposta para a lei portuguesa. “Esta será uma tendência que vai ganhar alguma profundidade”, garantiu o orador.
Outra tendência será a cadeia de valor, com as empresas a serem cada vez mais escrutinadas pelas suas relações com os fornecedores, e as alterações climáticas, essencialmente no que diz respeito ao investimento necessário para adaptação e mitigação.
Além disso, haverá uma fusão da agenda das alterações climáticas e da agenda da biodiversidade, esta última que terá de funcionar/intervir a nível mais local.
A última tendência estará relacionada com a liderança e o desenvolvimento de talento.
Mudanças chave para 2025
Na sua apresentação, Tiago Carrilho reforçou a necessidade de “passar de compromissos públicos muito generalistas para ações focadas em resultados”, além da “integração da sustentabilidade nas funções centrais do negócio, tornando-a parte da estrutura quotidiana das empresas”.
Noutro ponto, referiu que deverá existir um “foco mais forte na sustentabilidade como motor de oportunidades económicas e valor para o cliente”, o que será sinónimo de resiliência e competitividade.
Por fim, apontou a importância da colaboração global para atingir os objetivos delineados em matéria de sustentabilidade.