Refinaria de Sines continua a ser a instalação com maiores emissões de CO2
A ZERO recorreu aos dados disponibilizados pela Agência Portuguesa do Ambiente referentes ao registo de emissões associado ao Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) para efetuar uma seriação das instalações mais poluentes de Portugal em 2023 no que respeita às emissões de dióxido de carbono, principal gás de efeito de estufa causador das alterações climáticas. Em causa estão unidades industriais e companhias aéreas.
Em Portugal, há 136 empresas que declararam emissões em 2023 no âmbito do CELE, para além de cinco companhias aéreas. No caso das centrais térmicas utilizando combustíveis fósseis, todas as licenças de emissão têm de ser adquiridas (compradas em leilão), enquanto noutros setores uma grande parte das licenças é oferecida gratuitamente e a restante tem de ser adquirida. As empresas de transporte aéreo sediadas em Portugal são também contabilizadas, sendo consideradas apenas as emissões de voos entre aeroportos na União Europeia e Suíça.
Entre 2022 e 2023, as mudanças mais relevantes prendem-se com a redução significativa das emissões das centrais térmicas a gás natural fóssil para produção de eletricidade dado o maior peso das renováveis, a redução na refinação de combustíveis fósseis e um aumento relevante das emissões do transporte aéreo.
Veja aqui o top 10:
| Ranking 2023 | Instalação | Emissões 2023 (ton.) | Ranking 2022 | Instalação | Emissões 2022 (ton.) |
| 1 | PETROGAL – Refinaria de Sines | 2359568 | 1 | PETROGAL – Refinaria de Sines | 2664396 |
| 2 | TURBOGÁS – Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro | 1334849 | 2 | ELECGÁS – Central de Ciclo Combinado do Pego | 1716911 |
| 3 | TAP – Transportes Aéreos Portugueses, S.A. | 1154967 | 3 | TURBOGÁS – Central de Ciclo Combinado da Tapada do Outeiro | 1443087 |
| 4 | ELECGÁS – Central de Ciclo Combinado do Pego | 1006463 | 4 | EDP – Central Termoelétrica do Ribatejo | 1185427 |
| 5 | CIMPOR – Centro de Produção de Alhandra | 897204 | 5 | CIMPOR – Centro de Produção de Alhandra | 1137237 |
| 6 | CIMPOR – Centro de Produção de Souselas | 841708 | 6 | TAP – Transportes Aéreos Portugueses, S.A. | 1005970 |
| 7 | SECIL – Fábrica Outão | 825003 | 7 | CIMPOR – Centro de Produção de Souselas | 837200 |
| 8 | CMP – Cimentos Maceira e Pataias, S.A – Fábrica Maceira-Liz | 434983 | 8 | SECIL – Fábrica Outão | 787354 |
| 9 | EDP – Central Termoelétrica de Lares | 365255 | 9 | EDP – Central Termoelétrica de Lares | 728827 |
| 10 | LUSICAL – Indústria Mineral-Calcinação de Calcários – Produção de cales não hidráulicas | 310681 | 10 | REPSOL – Polímeros, Unipessoal, Lda | 590767 |
| TOTAL | 9483579 | TOTAL | 12097176 |
Um outro aspeto é o facto do total das 10 unidades com maiores emissões poluentes ter associado uma redução de emissões de 14% entre 2022 e 2023 (de 11 para 9,5 milhões de toneladas de CO2). Estes números poderão implicar uma ligeira redução no total de emissões do país relativas ao ano de 2023 e que ainda estão em fase de inventário.
Num futuro próximo, tudo indica que continuarão a ser a refinaria de Sines, as centrais de ciclo combinado a gás natural fóssil e o setor cimenteiro que dominarão a seriação das unidades empresariais maiores emissoras de dióxido de carbono, a par de um crescimento do setor da aviação que em Portugal se reflete nas emissões da TAP.