Rede Douro Vivo nasceu hoje para proteger rio e afluentes

Foi hoje apresentada a Rede Douro Vivo (RDV), na Casa das Artes do Porto. O projeto tem a duração de cinco anos e visa promover a proteção de rios livres e limpos.

Esta rede irá trabalhar com as comunidades na promoção de uma gestão integrada de recursos hídricos, mapear as barragens existentes e a biodiversidade na bacia do Douro, em Portugal e Espanha, e estudar o desmantelamento de barreiras obsoletas.

Ana Brazão, do GEOTA – Grupo de Estudos e Ordenamento do Território e Ambiente, reiterou hoje que: “O rio Douro e os seus afluentes estão ameaçados pela exploração de recursos e pelos impactes negativos das barragens”. A coordenadora do projeto alertou também que “existem outras opções viáveis para a produção de energia e crescimento da economia local que têm de ser exploradas. Esta rede vai estudar e dar a conhece-las publicamente”.

A RDV irá, assim, sensibilizar as populações e o poder local e nacional para a necessidade de proteger os rios de mais alterações, da poluição, e travar a construção de novas barragens desnecessárias. Será criado um mapa de áreas de grande relevância ecológica — “hotspots” de biodiversidade. E serão identificadas barreiras que se encontrem obsoletas e constituam uma ameaça às populações, património e habitats, com vista à sua remoção ou adaptação. Para além do melhor conhecimento da região, este estudo permitirá desenvolver um novo estatuto de conservação para rios ou trechos ainda livres, à semelhança do já existente em Espanha e noutros países.

Inês Cardoso, bióloga marinha na Liga para a Proteção da Natureza reflete: “A Natureza não conhece fronteiras. Ao longo da paisagem percorre gradientes e transformações que levam o Homem a conhecê-la com diferentes características, formas de vida, cores e ritmos. Os rios, da nascente até ao mar, promovem serviços vitais para as populações humanas e valores naturais da paisagem em que se inserem. São sistemas complexos, ricos e fundamentais, mas tal como outros sistemas naturais dependem em larga escala da ausência de barreiras, e da fluidez dos gradientes que os transformam, a par e passo com a paisagem”.

O projeto é liderado pelo GEOTA em parceria com diversas entidades e instituições de ensino, entre as quais, a IUCN-Med (International Union for Conservation of Nature – Centre for Mediterranean Cooperation),  a WE-EA (Wetlands International – European Association), a LPN (Liga para a Proteção da Natureza) e a ANP|WWF Portugal.