A situação política sobre o carbono renovável proveniente de biomassa, CO2 e reciclagem para a desfossilização da indústria química e de materiais começou a mudar fundamentalmente na Europa. Pela primeira vez, importantes documentos políticos de Bruxelas e da Alemanha têm em consideração que o termo descarbonização por si só não é suficiente, e que existem setores industriais importantes com uma procura permanente e mesmo crescente de carbono. Finalmente, a “necessidade de uma cobertura sustentável desta procura de carbono e a implementação de ciclos de carbono sustentáveis foram reconhecidas no cenário político”, lê-se numa nota divulgada pela Renewable Carbon Initiative – RCI” (Iniciativa de carbono renovável).
O objetivo é criar ciclos de carbono sustentáveis. Tal, requer uma “gestão abrangente do carbono de fontes renováveis”, que inclui o “carbono proveniente de biomassa, captação e utilização de carbono (CCU)” – a utilização industrial de CO2 como parte integrante – bem como a “reciclagem mecânica e química”. E apenas a utilização de todos os fluxos alternativos de carbono permite uma “verdadeira dissociação entre o setor químico e dos materiais e o carbono fóssil adicional proveniente do solo”, refere a RCI, acrescentando que “só desta forma a indústria química pode permanecer a espinha dorsal da sociedade moderna e transformar-se num setor sustentável que permita a concretização dos objetivos climáticos globais”.
O principal objetivo RCI é apoiar a transição inteligente do carbono fóssil para o carbono renovável: “utilizando carbono proveniente de biomassa, CO2 e de reciclagem em vez do carbono adicional proveniente do solo”. Isto é crucial porque “72% das emissões de gases com efeito de estufa de origem humana estão diretamente ligadas ao carbono fóssil adicional”. Apesar de apoiar todas as “fontes renováveis de carbono disponíveis”, a RCI atenta que o “apoio político é fragmentado e difere entre o carbono proveniente de biomassa, reciclagem ou a captação e utilização de carbono (CCU)”. Aliás, “a CCU não tem sido até agora um objetivo estratégico no acordo verde e no Fit-for-55”, afirma.
No entanto, esta é uma realidade que vai mudar com o documento de comunicação da Comissão Europeia sobre “Ciclos de carbono sustentáveis” publicado a 14 de dezembro. “A posição no documento representa um passo em frente essencial que mostra que o carbono incorporado atingiu a corrente política – apoiada por opiniões recentes de membros do Parlamento Europeu e também, aparentemente, pelo próximo relatório de avaliação do IPCC 6”. Agora, “a CCU torna-se uma solução reconhecida e credível para ciclos de carbono sustentáveis e uma opção potencialmente sustentável para as indústrias químicas e dos materiais”, lê-se na mesma nota. Também, nas discussões políticas em Bruxelas, o termo “desfossilização” aparece cada vez mais frequentemente, complementando ou substituindo o termo descarbonização nas áreas em que o carbono é indispensável, precisa a nota.
Uma vez que os novos documentos políticos estão em plena consonância com a estratégia da RCI, as mais de 30 empresas associadas da iniciativa apoiam fortemente este novo desenvolvimento e estão prontas para apoiar o decisor político com dados e sugestões pormenorizadas para apoio ativo e realização de ciclos de carbono sustentáveis e uma gestão sólida do carbono.