Raiz Vertical Farms chega a Lisboa com a visão de produzir mais com menos

“Uma horta inovadora, interativa, onde vão provar sabores e ter momentos enriquecedores”. Esta é a garantia que Lúcia Salas, COO, CMO e Co-Fundadora da Raiz, partilha sobre o que esperar da mais recente “Concept Farm” instalada no espaço Arroz Estúdios, no Beato, em Lisboa.

A inauguração da horta vertical foi realizada no passado sábado, dia 2 de julho. À Ambiente Magazine, Lúcia Salas revela que a ideia de lançar a “Flagship Farm” surgiu como resultado da identificação de uma tendência mundial crescente de produção de vegetais nas cidades: “Esta tendência advém, em parte, da intensificação do impacto negativo do ser humano no meio natural e das previsões futuras de crescimento populacional globalmente, cujas consequências incluem não só a alteração do clima e deterioração do ambiente, mas também da segurança alimentar”. A potenciação de um meio de produção alimentar com menor impacto ambiental e maior impacto social é a principal aspiração da Raiz com este projeto: “Acreditamos que existe uma necessidade muito forte de inovar na indústria agroalimentar e de criar cidades inteligentes (onde grande proporção da população humana irá se concentrar no futuro), e queremos trazer os nossos conhecimentos em software, negócios e marketing, arquitetura, e ecologia para este caminho de inovação”.

Através da “Flagship Farm”, a Raiz vai ter a possibilidade de “estandardizar processos, modularizar sistemas e evoluir tecnologicamente”, além de que, através das “seis torres de Hidropónica”, será possível “cultivar cerca de 800 plantas por mês em 18m2, poupando até 95% da água, 95% do espaço e 50% de fertilizantes em comparação a agricultura tradicional”. O princípio desta horta é, precisamente, produzir mais com menos: “Este desenho inovador integra energia solar fotovoltaica, com luz natural e sistemas tecnológicos de controle ambiental. A nossa Concept Farm é a prova de como a Raiz Vertical Farms pode transformar espaços urbanos”, considera a responsável.

Questionada sobre o tipo de produtos que serão plantados, Lúcia Salas indica que as plantas serão de especialidade, tal como as “plantas vivas (o manjericão genovense, manjericão vermelho, ou grego)”, assim como os “vegetais com alto teor proteico e que virão diversificar a oferta para o nicho das dietas à base de plantas e das proteínas alternativas, em grande crescimento”. A experiência inicial centra-se nos “germinados de ervilha e de tremoço”, acrescenta. A Flagship Farm vai permitir “testar diferentes produtos” de forma que se possa “validar o mix de cultivo para continuar a crescer”, sucinta.

Enquanto “aliado” na sustentabilidade, Lúcia Salas relembra o que as Nações Unidas defendem o desenvolvimento das técnicas hidropónicas: “Abrange todas as dimensões da segurança alimentar”. Além disso, “o cultivo sem solo e o cultivo vertical trata-se de alternativas eficientes e sustentáveis e que devem ser incentivadas”, indica. No fundo, a agricultura vertical em ambiente controlado é uma “evolução na forma de fazer as coisas: produzimos mais com menos”, afinca. Para além de crescerem alimentos saudáveis para a comunidade de Lisboa, a “Flagship Farm” vai receber o público com experiências educativas e enriquecedoras, fortalecendo a comunidade, aumentando a literacia agroalimentar e ambiental dos cidadãos e reconectando-os com os alimentos que consomem: “É um ponto ideal para se explorar de forma colaborativa a interseção entre as diferentes dimensões da sustentabilidade – social, económica e ambiental”.

Ao nível de metas, Lúcia Salas afirma que o foco de primeira horta é atingir a capacidade de “evoluir para o farming as service mode”, sendo que já “estamos em contacto com distintas instituições e empresas que querem colaborar connosco na criação da rede de hortas verticais”. Em termos financeiros, o objetivo é “captar capital para continuar a aumentar a tecnologia e equipa”, refere, revelando que a visão assenta numa “rede de hortas verticais distribuídas pelas cidades, que irão alimentar e nutrir as comunidades do futuro”. Para já, a Raiz quer começar com este conceito nas cidades da Europa, mas há “aspirações globais”, remata.