Racionamento de água é medida “no fim da linha”
O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, admitiu hoje que o racionamento de água, devido à seca, é “uma hipótese teórica”, mas não faz qualquer sentido pensar nessa medida agora, porque está “no fim da linha”. “As medidas de racionamento estão no fim do fim da linha e não faz nenhum sentido pensar nelas agora. Estamos a fazer tudo para que a água nunca falte, em conjunto com as autarquias, e o que é fundamental é as pessoas pouparem água”, disse o ministro, em Évora, citado pela agência Lusa.
Questionado pelos jornalistas sobre a entrevista do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, publicada hoje no jornal i, em que admite o racionamento de água à noite, João Pedro Matos Fernandes disse tratar-se de uma “hipótese teórica”. O secretário de Estado, na entrevista, de acordo com o ministro, “admite a vaga possibilidade” desse racionamento de água, “durante algumas horas” por dia, em “algumas autarquias onde a água está mesmo quase, quase a faltar” e “em situações muito específicas”.
A suspensão da água durante a noite é “uma hipótese teórica. Não é esse o nosso caminho”, afirmou, esclarecendo também, caso a medida tenha de avançar, “não é o Governo que raciona”. “A decisão é sempre da autarquia” e trata-se de uma decisão que o Governo tem “quase a certeza” que não vai ser necessária, frisou o ministro, que falava aos jornalistas à margem da sessão de abertura da edição deste ano do Encontro Nacional de Entidades Gestoras de Água e Saneamento (ENEG), que hoje arrancou na cidade alentejana.
As medidas de racionamento, alertou o ministro, referindo que o secretário de Estado também alude a este ponto na entrevista, “conduzem, normalmente, a má gestão”. “Quando se fala em racionamento, a tendência natural das pessoas”, em casa, é de, “encher todos os recipientes onde podem guardar água”, mas, “quando no dia a seguir abrem a torneira e descobrem que há água, o que é que fazem? Esvaziam esses mesmos recipientes”, afirmou, para exemplificar que essas medidas só devem ser adotadas em último caso.
O Governo tem “repetido reiteradamente a mensagem de que é preciso poupar água” e “compromete-se que a água não vai faltar na torneira dos portugueses”, insistiu. Mas, para tal, avisou, é necessário “um grande apoio dos portugueses para pouparem água”, desde “o comum dos cidadãos” até aos “industriais, entidades públicas, grandes consumidores de água”.
As autarquias, que, na “quase totalidade das vezes”, são quem gere a água que chega a casa dos habitantes, devem adotar, “cada vez mais”, “um conjunto de medidas para além da poupança pura e simples” desse recurso. “Pode refletir-se em lavar menos vezes as ruas” e “em encerrar as fontes ornamentais em que a água não é reciclada”, indicou, como exemplo, retomando as declarações do secretário de Estado, que refere hoje “mais um conjunto de sugestões”.
A campanha de sensibilização para a poupança de água lançada pelo Governo, realçou o ministro, também não deve ser entendida como uma medida dirigida “só ao imediato”. “A tendência que está aí e que todos vemos, das alterações climáticas, não nos obriga a poupar água só hoje, obriga-nos” também “a ter outros hábitos para, no futuro, consumir menos água”, avisou.