Por Francisco Oliveira, Presidente do Conselho de Administração da AR – Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A.
A AR – Águas do Ribatejo, E.I.M., S.A. (AR) promove diariamente práticas essenciais para assegurar a sustentabilidade dos sistemas de abastecimento e saneamento nos concelhos de Almeirim, Alpiarça, Benavente, Chamusca, Coruche, Salvaterra de Magos e Torres Novas.
Somos uma entidade gestora com uma história pioneira em Portugal. Quando, há 15 anos, assumimos a gestão dos sistemas de abastecimento e saneamento destes sete Municípios, em “alta” e em “baixa”, o modelo adotado foi inovador e suscitou curiosidade e atenção. Hoje, podemos afirmar com certeza que tomámos a melhor opção para os nossos cidadãos e para os Municípios que, isoladamente, teriam enormes dificuldades para enfrentar os desafios e as exigências que estes serviços essenciais envolvem.
A AR herdou redes, infraestruturas e equipamentos de primeira geração, muitos deles apresentando já problemas no seu funcionamento. Cuidamos de 2.250 Km de redes de água e 1.300 km de redes de saneamento. Fizemos já um investimento de 160 milhões de euros no saneamento e abastecimento com a construção e reabilitação de mais de uma centena de reservatórios, 15 Estações de Tratamento de Água; 50 ETAR, dezenas de EE e centenas de quilómetros de condutas.
Desenganem-se os que pensam que tudo está feito. Temos um longo caminho a percorrer. É urgente continuar a reduzir as perdas de água: em 2009, quando iniciámos a atividade, a água não faturada representava 52%, situando-se agora nos 29%.
Quer isto dizer que mais de metade de toda a água que era colocada nos sistemas não era faturada, situação que evoluiu de forma muito favorável ao longo destes anos. Mas temos de continuar esta “luta”!
Estas “perdas” resultam de vários fatores: fugas nas condutas, roturas, locais sem contador, contadores parados, consumos ilícitos, descargas realizadas nas redes, entre outras.
Para melhorar o desempenho nesta vertente, foram determinantes várias ações: investimento significativo nas novas condutas, nós e ramais; instalação da Telegestão e de mais de uma centena de ZMC que permitem controlar os consumos e detetar anomalias; substituição de milhares de contadores e instalação em locais onde não existiam; intensificação do combate à fraude e consumos ilícitos; reforço das equipas de manutenção e de reparação de roturas de modo a reduzir o tempo de resposta da reposição do abastecimento após o incidente; sensibilização dos clientes e dos consumidores para denunciarem todas as situações que configuram perda de água.
O combate aos consumos ilícitos tem merecido uma atenção especial. É uma questão de equidade e justiça.
Não pode a esmagadora maioria dos clientes, que cumpre as suas obrigações, ser penalizada pelo facto de existirem alguns que pretendem consumir água sem a pagar. Estas situações têm vindo a ser detetadas com cada vez maior frequência, dando origem a processos de contraordenação, que visam sancionar esta prática ilegal.
A redução do desperdício tem de ser um compromisso de todos. A AR continua a investir na educação/sensibilização para a importância do recurso água, cujo valor é muito superior ao seu custo real.
A água da rede pública é mais segura, mais económica e mais amiga do ambiente. A AR tem sensibilizado as autarquias, escolas, serviços públicos, associações e empresas a consumirem água da rede pública com recurso a fontes de água da rede e recipientes reutilizáveis.
A água que captamos, tratamos e encaminhamos para as famílias e empresas é uma água equilibrada e segura, testada todos os dias.
O custo de 1.000 litros de água da rede pública fornecida pela AR (o equivalente a 2.000 garrafas de ½ litro) é inferior a 1 euro, ou seja, sensivelmente o valor que pagamos num estabelecimento comercial por apenas uma garrafa de água.
Mas 1.000 litros de água têm um valor muito superior ao preço que temos de pagar por eles… A água é essencial à vida, pelo que temos todos de cuidar bem deste recurso tão importante, particularmente num contexto de escassez e de alterações climáticas.
*Este artigo foi publicado na edição 104 da Ambiente Magazine.