“Questão da seca não deve ser encarada como um fenómeno isolado”
As chuvas de março tiraram algumas zonas de Portugal da situação de seca extrema. Mas o problema não deixou de existir e, tratando-se de algo estrutural, a Ambiente Magazine continua a auscultar os vários municípios sobre as medidas aplicadas para mitigar e prevenir situações futuras.
Sendo a seca, apenas um dos exemplos, dos efeitos das alterações climáticas, a Câmara Municipal da Trofa tem desenvolvido uma série de iniciativas ao longo do tempo para mitigar os efeitos e, inclusive, ir mais além. Desta forma, face ao cenário de seca extrema que o país enfrentou nos primeiros três meses do ano, o Município decidiu “desligar as fontes ornamentais durante a semana, ligando-as pontualmente para evitar avarias”, “reduzir a rega dos espaços verdes ao mínimo necessário, adotando-se uma estratégia de consumo racional e eficiente”, “alterar o coberto vegetal por espécies menos exigentes em água, tornando os espaços verdes do concelho mais resilientes e adaptados a esta realidade”, começa por destacar, à Ambiente Magazine, o presidente da Câmara Municipal da Trofa, Sérgio Humberto.
Relativamente ao facto de estes períodos de seca tenderem a ser mais prolongados e, consequentemente, mais preocupantes, o autarca considera que “se nada for feito” a tendência será, certamente, de “agravamento”. Portanto, consciente da urgência deste problema, o Município elaborou e aprovou, em 2019, a Estratégia Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas e, no início do ano, aderiu ao Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia: “Assumimos o compromisso de contribuir para o combate a um dos flagelos deste século, esperando que este seja seguido pelos outros municípios e pelo poder central”.
O autarca defende que a questão da seca não deve ser encarada como um “fenómeno isolado”, mas sim como fazendo parte de um “problema global” que são as alterações climáticas. Nesse sentido, são vários os investimentos que têm sido feitos nas áreas da Sustentabilidade Ambiental e Mobilidade, com o objetivo de contribuir para a “diminuição das emissões de CO2” e para a “redução da poluição luminosa”. A título de exemplo, destaca-se a “substituição de 9000 luminárias convencionais por soluções energeticamente mais eficazes, num investimento superior a 3,5 milhões de euros”. Por outro lado, o investimento de “seis mil milhões de euros” na expansão da Rede de Ciclovias e Pedonais da Trofa: “Uma clara aposta na mobilidade sustentável e na descarbonização”. Ao nível da água, Sérgio Humberto recorda os últimos dados disponíveis da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR), para dizer que a Câmara Municipal da Trofa apresenta um dos “melhores desempenhos nacionais relativamente às perdas reais” de água: “Em média, Portugal desperdiça, pelo menos, 125 litros de água diariamente, enquanto no nosso Município esse valor é mais de 10 vezes inferior, ou seja, é de 11 litros”.
“Poupar hoje para teres amanhã” é o lema que tem norteado o Município e, que inclusive, serve de lição a tirar do período que se viveu no início do ano, afirma o edil, destacando as inúmeras campanhas de sensibilização que chegam às escolas e juntas de freguesa com este mesmo apelo: “É essencial fazer uma gestão equilibrada dos nossos recursos hídricos, tanto a nível local, como nacional”.
Estes apelos à prática de medidas de poupança de água chegam às escolas com várias mensagens de sensibilização, nomeadamente, através da “diminuição do número de banhos de imersão; não deixar a torneira aberta na lavagem do carro ou a escovar os dentes; esperar para ter a máquina cheia para lavar a roupa, assim como efetuar regas controladas dos jardins nas escolas”, exemplifica. Quanto às juntas de freguesia, “temos sensibilizado as mesmas para o uso racional da água dos fontanários, apelando também à população para a partilha da deteção de fugas deste bem precioso”, remata.