A National Geographic e o Oceanário de Lisboa apresentaram esta semana o relatório científico e o filme de uma expedição ao Parque Natural das Ilhas Selvagens (Madeira) que envolveu centros de investigação de Portugal, EUA, Espanha e Austrália. O relatório conclui que os ecossistemas marinhos estão bem preservados mas alerta para a sobrepesca do tubarão e atum, pesca ilegal, restos de navios afundados e microplásticos. Em entrevista ao Expresso, Tiago Pitta e Cunha da Fundação Oceano Azul que o Oceanário vai criar, “a primeira do sul da Europa dedicada à sustentabilidade dos oceanos”.
O responsável refere que “a fundação precisa de jogar nas arenas internacionais em que as questões da sustentabilidade dos oceanos se discutem e se decidem. Mas há também objetivos em Portugal, um estado quase arquipelágico com uma área marinha 40 vezes maior do que a área terrestre emersa, onde a sustentabilidade dos oceanos é absolutamente crucial no século XXI”.
E adianta que “quando a National Geographic vai às Selvagens e descobre que está bem conservada, que as espécies estão em harmonia, desenvolvidas e com menos sinais de degradação ambiental do que noutras regiões, significa que Portugal fez um bom trabalho. A conservação dos ecossistemas marinhos é um investimento no capital natural e não um custo.
“Nas áreas protegidas a produção de biomassa (de stocks pesqueiros) aumenta de tal maneira que transborda para fora dessas áreas e, por isso, contribui também para a economia do mar”, refere o responsável.
E esclarece que o “em Portugal continua a haver sobrepesca de tubarões, nomeadamente da Madeira, quando é feita a pescaria do peixe-espada. É um problema grave porque o tubarão, tal como o atum, é fundamental para a harmonia dos ecossistemas marinhos, pois está no topo da cadeia alimentar. Continuamos a comer os leões e os tigres do mar quando comemos predadores, coisa que não fazemos em terra. E corremos o risco de chegar a 2050 sem predadores no mar se não fizermos nada”.