A associação ambientalista Quercus pediu, perante as críticas ao desempenho sobre a coordenação dos meios, uma avaliação independente ao incêndio na Serra da Estrela.
Num comunicado, ao qual a Agência Lusa teve acesso, a Quercus questiona qual foi a intervenção da AGIF – Agência para a Gestão Integrada dos Fogos criada para melhorar a atuação do sistema de prevenção e combate aos fogos – e lembra que, devido à destruição da vegetação nas encostas, sobretudo no vale do Zêzere, “os fenómenos de erosão com arrastamento de materiais vão ser problemáticos”.
A associação considera importante fazer-se “uma avaliação independente sobre este incêndio”, para que fique claro o que deve ser melhorado para o futuro, e defende que “deve haver prioridade máxima para a definição, antes do inverno, de medidas de emergência na gestão pós-fogo”, lê-se na Lusa.
A Quercus garante, no mesmo comunicado, estar a acompanhar “com preocupação” a evolução do incêndio que está a devastar parte do Parque Natural da Serra da Estrela e que, segundo o Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS), já terá destruído mais de 14 mil hectares.
De acordo com a Lusa, o incêndio, que deflagrou no sábado, na Covilhã, já avançou pela Serra da Estrela até aos concelhos de Manteigas, Guarda, Gouveia e Celorico da Beira.
Os ambientalistas da Quercus sublinham que o incêndio já afetou florestas e habitats biodiversos do Parque Natural da Serra da Estrela, Zona Especial de Conservação da Rede Natura, assim como geossítios do Estrela Geopark da UNESCO, e que terá “impactes severos sobre a flora, fauna, território e populações”.
“Os pinhais têm sido bastante afetados, assim como os matos dominados por piornais, urzais e caldoneirais”, refere a Quercus, apontando as áreas com povoamentos de castanheiros, carvalhos-alvarinhos e faias no concelho de Manteigas, “que foram pouco afetados por terem baixa combustibilidade e, portanto, serem mais resilientes ao fogo”.
“Devemos aprender com estas lições, para reordenar a paisagem”, sublinha a associação, que acrescenta que o teixo, “árvore ameaçada que ocorre em Portugal apenas em parte da Serra da Estrela e Serra do Gerês”, tem salvaguardado o núcleo mais importante até agora.
“Entre a biodiversidade da fauna, pode-se destacar a lagartixa-de-montanha e a salamandra-lusitânica, endemismos ibéricos que apenas ocorrem no noroeste da Península Ibérica e que tem o seu habitat destruído pelo fogo”, lembra.
A associação defende igualmente que devem ser criadas condições para a pequena agricultura e pecuária, “com a remuneração dos serviços ecossistémicos locais”, que considera “essenciais para a fixação da população nestes territórios de montanha, mantendo a biodiversidade”, lê-se no comunicado.