18 de outubro foi o dia escolhido como Dia Internacional de Ação sobre a Bioenergia. Pretende-se com esta data, alertar a sociedade para os riscos da utilização de bioenergia sobre os ecossistemas e o ambiente na globalidade.
Existem florestas nativas em vários países do mundo que estão a ser dizimadas para a produção de pellets, com o objetivo de gerar eletricidade, decorrente de políticas energéticas desajustadas. Este cenário poderá ocorrer no futuro em Portugal para dar resposta à necessidade de matéria-prima para alimentar as centrais de biomassa existentes e previstas no nosso país.
A Quercus está preocupada com as centrais de biomassa e as consequências do crescimento destas novas estruturas, com apoios públicos, tornando-se uma das novas fontes de produção de energia elétrica.
Quando existiam apenas 13 centrais de biomassa em 2013, era estimado que as necessidades de matéria-prima para abastecer as centrais dedicadas rondariam, a partir de 2015, as 4 milhões ton/ano representando um deficit de matéria-prima para abastecer a produção de energia a partir de biomassa florestal em cerca de 2 milhões ton/ano. Atualmente as necessidades das centrais aumentaram sendo necessário cerca de 5 milhões de toneladas por ano de biomassa.
As centrais de biomassa têm vindo a aumentar em Portugal, foram licenciadas 4 em 2016, num total de 49,75 MW e em 2017 foram aprovadas mais 4 novas centrais, num total de 117MW. Esta situação pode tornar-se insustentável devido ao uso desadequado dos recursos florestais para tentar acompanhar o grande crescimento desta fonte de energia, que poderá vir a ser um dos grandes problemas para o futuro sustentável das florestas.
A Quercus acredita que o uso de biomassa vai aumentar a pressão sobre os ecossistemas florestais, nomeadamente sobre o arvoredo, o que pode acarretar um impacte negativo ao nível da degradação das florestas e da desflorestação já em curso no país (equivalente à área do concelho de Lisboa a cada ano que passa).
Atualmente, as ameaças à sustentabilidade das florestas são múltiplas. Desde os incêndios, ao desordenamento do território, à regeneração espontânea dos eucaliptos, juntam-se as consequências da sobre-exploração de recursos que podem ser irreversíveis, visto que não é efetuada uma correta avaliação de impactos ambientais cumulativos sobre os recursos para todas as centrais de biomassa, quer ao nível dos solos, dos recursos hídricos, da biodiversidade e dos próprios povoamentos explorados para o efeito.
Existem já exemplos, um pouco por todo o mundo, da má gestão e das consequências negativas do uso da terra para a produção de massas florestais destinadas à alimentação das centrais de biomassa. A Quercus alerta ainda que é necessária uma avaliação integrada dos recursos florestais existentes e a monitorização dos impactes ambientais, incluindo também a degradação da qualidade do ar e as consequências para a saúde das populações, resultante das emissões de gases resultantes da queima de biomassa em centrais dedicadas.
*Imagem de Greensavers