À margem do SUMMIT Internacional de Arquitetura em Portugal, que termina hoje, dia 7, em Lisboa, a Quercus em parceria com o Portal da Construção Sustentável, organizaram hoje um Seminário que mostra as opções de materiais reciclados para a construção existentes no mercado português apelando ao aumento da meta de incorporação de materiais reciclados de 5% para 25%, com o objetivo de escoar os produtos produzidos a partir de processos de reciclagem.
Os resíduos produzidos na construção e demolição de edifícios constituem a grande maioria dos resíduos produzidos na União Europeia, entre 25% – 30% (i.e. 900 milhões de toneladas) e devido ao impacte ambiental que geram, e ao seu potencial de reutilização e reciclagem, foi estabelecida uma meta de reciclagem obrigatória de 70% até 2020, facto que potenciou a sua identificação como fluxo de resíduo prioritário e à publicação um Protocolo Europeu com requisitos para a sua gestão, indica a associação ambientalista, em comunicado.
A situação na Europa é muito heterogénea, a taxa de reciclagem e reutilização deste tipo de resíduos varia entre menos de 15% (caso de Portugal, Espanha e Grécia) e mais de 90% (Dinamarca, Alemanha e Holanda).
Apesar de Portugal ter, desde 2008, regulamentação específica para a gestão de Resíduos de Construção e Demolição (RCD) a quantidade de resíduos reutilizados e reciclados é ainda diminuta (<15%), mais de 70% destes resíduos são encaminhados para destinos ilegais e a quantificação sobre o cumprimento das metas de reciclagem é feita com valores de deposição de resíduos ao abrigo de projetos de recuperações paisagística de antigas pedreiras e areeiros, muito diferente do conceito de reciclagem propriamente dito.
Por outro lado, embora haja uma diversificada oferta de materiais reciclados ou que incorporam matérias primas recicladas no mercado português, a obrigatoriedade de incorporação de materiais reciclados na construção e reabilitação de edifícios é de apenas 5% e não existe conhecimento sobre o seu cumprimento efetivo. No entanto, a Quercus considera que existem condições para aumentar esta meta, quer ao nível da oferta de materiais reciclados, quer ao nível da possibilidade de incorporação na construção, e considera que já é altura de aumentar esta meta de 5% para 25%, aproximando-nos assim de países europeus como a Holanda e a Alemanha.
O setor da construção é responsável pelo consumo de 50% dos recursos naturais, pela produção de mais de 50% dos resíduos, pelo consumo de mais de 40% de energia (nos países industrializados, sendo em Portugal cerca de 20% da energia total do país) e produzidas cerca de 35% das emissões de gases com efeito de estufa de CO2.