Quercus: falha e qualidade nas peças da central de Almaraz é sinal de fragilidade
A Quercus anunciou hoje que as irregularidades nas peças produzidas numa fábrica da central nuclear espanhola de Almaraz, são falhas no controlo de qualidade e um sinal claro da fragilidade e do perigo da estrutura, noticiou a agência Lusa.
“Este é mais um sinal claro da fragilidade e do potencial perigo da estrutura. Perante os sucessivos problemas técnicos e de segurança detetados, é fundamental que a mesma encerre imediatamente e que sejam tomadas todas as medidas no sentido de colocar em marcha um plano de desmantelamento da estrutura e descontaminação do local”, disse Nuno Sequeira, da direção nacional da Quercus.
O Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol revelou, num comunicado divulgado na quinta-feira, que a central nuclear de Almaraz, junto à fronteira portuguesa, usa peças produzidas numa fábrica com irregularidades nos dossiês de controlo de qualidade, mas garantiu que não constituem motivo para as retirar de funcionamento.
As pecas provenientes da forja com problemas foram usadas para fabricar os geradores de vapor 2 e 3 da unidade 1, e o gerador de vapor 3 da unidade 2 da central nuclear de Almaraz, bem como os geradores de vapor 1 e 2 da unidade 1 e o gerador de vapor 1 da unidade 2 da central nuclear de Ascó. Também está em causa o rebordo da tampa do reator da unidade 2 de Almaraz.
Os ambientalistas fazem eco dos problemas mais recentes noticiados, de que são exemplo as duas avarias nos motores das bombas de água e a falta de garantia de que o sistema de arrefecimento da central de Almaraz pudesse funcionar normalmente: “é importante recordar que a central de Almaraz tem tido outros incidentes com regularidade, existindo situações em que já foram medidos níveis de radioatividade superiores ao permitido”, sustentam.
Adiantam ainda que acidentes como o ocorrido em maio de 2008, que obrigou à evacuação do recinto de contenção e onde foram libertados cerca de 30.000 litros de água radioativa que após tratamento teve que ser libertada no rio Tejo, e dados como os que foram divulgados hoje, apenas reforçam a importância de se proceder ao encerramento imediato desta central.
“Portugal pode vir a ser afetado, caso ocorra um acidente grave, quer por contaminação das águas, uma vez que a central se situa numa albufeira afluente do rio Tejo, quer por contaminação atmosférica, pela grande proximidade geográfica existente”, afirma Nuno Sequeira, realçando também que “Portugal não revela estar minimamente preparado para lidar com um cenário deste tipo, pelo que a acontecer um acidente grave isso traria certamente sérios impactes imediatos para toda a zona fronteiriça, em especial para os distritos de Castelo Branco e Portalegre”.