Quercus e ZERO exigem esforços urgentes para assegurar transporte alternativo aos troços interrompidos no Metro de Lisboa
No âmbito das obras relacionadas com a futura linha circular, o Metropolitano de Lisboa interrompeu a circulação nas linhas Amarela e Verde, entre o Campo Grande e a Cidade Universitária e entre Telheiras e o Campo Grande. Para além disso, nos troços que se mantiveram em funcionamento, o serviço foi reduzido e as composições utilizadas são mais curtas, como na linha Verde, no troço de Campo Grande a Odivelas, da linha Amarela, e nalguns casos menos frequentes.
A par destes constrangimentos, a empresa não providenciou qualquer serviço de transporte alternativo, o que leva a Quercus e a Associação ZERO a afirmar que “estes constrangimentos mal planeados são um sinal errado na transição para uma mobilidade mais sustentável”.
Em comunicado, as associações consideram que as escolhas tomadas pelo Metropolitano de Lisboa “estão a gerar cenários caóticos nos transportes, a fazer aumentar desmedidamente os tempos de viagem”, “as quais se dão em condições inaceitáveis, e com isso a fazer muitos utilizadores desistirem do transporte público e optarem pelo individual em automóvel”.
“A Quercus e a ZERO compreendem a necessidade de cumprimento de prazos, nomeadamente fixados no âmbito da comparticipação da obra por fundos comunitários”. Contudo, defendem que “tal não se pode sobrepor ao interesse absoluto de manter níveis de serviço de transporte público condignos”.
Exigem, por isso, que sejam feitos “esforços urgentes” para garantir formas de transporte alternativo, “nomeadamente a criação de serviços especiais de autocarros que assegurem os percursos dos troços interrompidos”. E ainda que esse serviço apresente “uma frequência adequada, que cubra as necessidades dos utilizadores ao longo do horário de funcionamento habitual do metropolitano de Lisboa”.
Para garantir tempos de viagem semelhantes aos do metropolitano, o serviço de autocarros proposto pela Quercus e pela ZERO deve ser integrado “num sistema de vias rodoviárias prioritárias, com um sistema de semaforização adaptado às exigências de um serviço de autocarros de alta frequência”.
As organizações de ambiente defendem, para além disso, que “as estações de bicicletas Gira nos locais e freguesias afetadas pela interrupção do metropolitano, nomeadamente junto às estações, devem ser frequentemente reforçadas com bicicletas que assegurem a procura nos percursos afetados, especialmente de manhã e à tarde, algo que não tem sucedido”.
“Deve ainda o Metropolitano assegurar a disponibilização dos tempos de espera do metro, serviço indispensável mas que na Internet está indisponível há semanas e nas estações das linhas afetadas se tem revelado pouco ou nada fiável”, acrescentam.
A Quercus e a ZERO descrevem, no comunicado, uma “descoordenação crónica” entre os operadores dos transportes da Área Metropolitana e as diferentes tutelas do Estado e das administrações locais, bem como entre os operadores rodoviários.
Através deste pressuposto, consideram então imprescindível que “sejam feitos esforços para que as várias entidades responsáveis procurem soluções conjuntas para mitigar este problema, que se prolongará pelo menos até julho, e sobretudo para que cheguem a acordo sobre a criação de uma Autoridade Metropolitana de Transportes com poderes efetivos de coordenação”.
Propõem ainda que seja apresentada “uma estrutura de governação que envolva todos os atores relevantes, incluindo as Organizações Não Governamentais de Ambiente, as Associações de Utentes e de Moradores, em coordenação com a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes”.
Quanto aos fundamentos das obras em curso, que visam a criação da nova linha circular, a Quercus e a ZERO levantam dúvidas sobre as mais-valias ambientais que resultarão de “uma linha que interrompe o acesso direto dos moradores do eixo de Odivelas à cidade”.
Posto isto, esperam que estejam a ser desenvolvidas todas as adaptações para garantir que a nova linha seja “efetivamente uma linha em laço, na qual entroncam diretamente as composições provindas do eixo de Odivelas, e vice-versa”. Só assim poder-se-á garantir que, segundo as associações, “não será imposto aos utilizadores da atual linha Amarela mais um transbordo”.