Portugal, um país ainda massacrado pelo passivo ambiental deixado por diversas explorações mineiras dotadas ao abandono, não pode ceder à exaltação de um regresso à mineração sem controlo e fora dos parâmetros de sustentabilidade, é o que defendem a Quercus e a AZU.
Minas de Urânio, de Carvão, de Volfrâmio, de Zinco (para além das Pedreiras) abandonadas e fora de qualquer controlo ambiental, e que em muitos casos contaminam e poluem o ambiente há mais de 50 anos, são exemplo de uma corrida à exploração de minério que sempre teve como linha de orientação principal a obtenção de lucro máximo e imediato para as empresas exploradoras, com o mínimo de investimento, que permita a recuperação dos passivos ambientais gerados.
A Quercus e a AZU denunciam a existência de uma corrida desenfreada à exploração de minério em Portugal, muitas das quais no subterfugio do Lítio, minério este sob o qual existe uma ideia de necessidade indispensável para que seja possível uma mobilidade sustentável.
As duas associações consideram que quando se fala de exploração e mineração de lítio, estamos perante uma questão de extração mineira, com todos os problemas e impactes ambientais que a mineração acarreta. Não é por isso aceitável falar-se da extração de lítio, no contexto de mobilidade elétrica, como solução única e ótima de armazenamento de energia, dado todo o contexto em que a sua extração se realiza.
Assiste-se assim a uma camuflagem das reais intenções das empresas que requerem licenças de prospeção e pesquisa, ou das que já possuem contrato de concessão de exploração, na tentativa de passarem despercebidas sob a alçada do lítio, com total omissão de informação às populações e às autarquias.
A Quercus e a AZU chamam igualmente a atenção para o facto de muitas das zonas que têm atualmente requerimentos de prospeção e pesquisa em território nacional, serem zonas que foram fustigadas pelos violentos incêndios de 2017.
A intenção de realizar prospecções, com posterior exploração mineira de metais (entre estes o lítio), para além dos fortes impactes ambientais, contribuirá também para o despovoamento e o afastamento das pessoas do interior do país, uma vez que a qualidade de vida e a paisagem natural, darão lugar a territórios degradados, com elevadas emissões de poluentes e ruído, e à destruição de ecossistemas únicos.
Perante tais factos, a Quercus e a AZU, realizam hoje, 15 de maio, uma conferência de imprensa, às 18h00, no FacesBar em Viseu, com o objetivo de ser apresentada a posição das duas organizações sobre o problema em questão, bem como as iniciativas que as mesmas irão tomar acerca da Prospeção e Exploração de Lítio.