A associação ambientalista da Quercus alertou hoje, em comunicado, que cada português coloca por ano no lixo comum dois quilos de resíduos contaminados com sangue ou substâncias perigosas.
Num levantamento feito pela Quercus para avaliar o destino final para 56 tipos de resíduos de origem doméstica, “estão a ser colocados nos ecopontos e contentores urbanos pelo menos quatro tipos de resíduos perigosos diferentes que acabam por ser depositados em aterros urbanos ou incinerados”, soluções que não são as adequadas para estes resíduos.
Como exemplo da falta de resposta para alguns resíduos em Portugal, a Quercus aponta as agulhas, pequenas quantidades de resíduos perigosos, as cápsulas endoscópicas, os termómetros com mercúrio e as latas de tinta.
“Estamos a falar de resíduos perigosos contaminados com metais pesados, substâncias perigosas ou vestígios de sangue”, sublinha a Quercus, que acredita que este cenário possa ser ainda pior, resultado da “inúmera quantidade de contactos que recebe diariamente” a questionar sobre os destinos corretos a dar a alguns produtos.
A associação estima que estejam a ser rejeitados juntamente com os resíduos urbanos comuns cerca de 650.000 agulhas por dia, 4.000 cápsulas endoscópicas por ano equipadas com 8.000 pilhas de mercúrio, 8.000.000 de latas por ano cheias com tinta ou diluente, a par de outras substâncias perigosas.
Os ambientalistas da Quercus estimam também que 1% da população portuguesa ainda possua termómetros ou medidores de tensão arterial com mercúrio por rejeitar.
“Estes resíduos estão a ser encaminhados para os sistemas de tratamento de águas residuais, para incineração e para aterro, representando um risco acrescido para a saúde pública, para os trabalhadores destas unidades e para o ambiente”, avisam.
A Quercus alerta igualmente para a urgência de serem criados mecanismos e respostas que permitam dinamizar e financiar a entrega destes resíduos em locais próximos das populações, nomeadamente as farmácias, os centros de saúde, os centros hospitalares ou até mesmo os próprios ecocentros, que posteriormente deverão ser encaminhados para destinos licenciados e adequados (entidades gestoras, empresas de gestão de resíduos hospitalares ou os centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos).
Recorda igualmente que as farmácias não são obrigadas a receber este tipo de resíduos e que as que os recebem voluntariamente têm que suportar os custos do seu encaminhamento.
“A prevenção da perigosidade dos resíduos urbanos está contemplada no Plano Estratégico Nacional para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020)”, lembra a Quercus, qua apela aos ministérios do Ambiente e da Saúde para equacionarem uma solução para este problema ambiental e de saúde pública, criando mecanismos e apoios que suportem uma rede de recolha integrada para estes tipos de resíduos perigosos.