No Dia Internacional da Arquitetura e do Habitat Humano, celebrado a 1 de outubro, a Quercus apresenta várias alternativas de materiais a incluir no caderno de encargos de uma obra, isentos de plástico ou seus derivados, desafiando os arquitetos a construírem sem este tipo de material.
Já todos fomos alertados para a necessidade de banir os plásticos das nossas vidas. Porém esquecemos-mos de uma disciplina muito importante. A arquitetura. Aquela que é responsável pala construção dos nossos edifícios, onde passamos 90% dos nossos dias e que na sua atividade construtiva utiliza cerca de 60% de recursos que derivam do petróleo, desde as embalagens dos materiais de construção, até aos próprios materiais utilizados na obra, como os isolamentos, pavimentos ou caixilharias que podem hoje em dia, ser facilmente substituídos por outro tipo de materiais completamente isentos de polímeros ou de outros tipos de plástico.
De todos os resíduos de construção e demolição (RCD) gerados no setor, 35% são plásticos. Sobre o plástico produzido em todo o mundo, 20% destina-se ao setor da construção, 23% a mobiliário e eletrodomésticos, e quase 40% a embalagens.
São os arquitetos, os responsáveis pela prescrição destes materiais em obra e os arquitetos de interiores pela decoração. Porém, todos os utilizadores dos edifícios são responsáveis pela sua utilização. Aqui está o grande desafio para um habitat saudável: viver sem plástico num edifício pensado com este propósito desde a sua génese.
Alguns exemplos de onde poderão encontrar plásticos ou materiais que contém polímeros (que derivam do petróleo) na construção de um edifício, mais comuns, e que facilmente poderão ser substituídos por opções ambientalmente corretas:
Isolamentos: substituir os comuns EPS, XPS e poliuretanos, por materiais naturais como o aglomerado de cortiça, lãs minerais ou argilas expandidas;
Canalizações: já existem no mercado canalizações em PVC,100% reciclado evitando assim o descarte deste material;
Sanitários: há empresas nacionais onde os plásticos usados em Wc, como autoclismos ou tampas de sanitas, são em plástico reciclado, evitando o descarte deste material…
Caixilharias: não ao PVC. Opte por caixilharias em fibra de vidro, madeira ou alumínio reciclado.
Revestimentos interiores: mais uma vez não aos materiais virgens derivados de petróleo. Opte sempre por materiais reciclados, ou materiais naturais como a cortiça ou madeira.
Revestimentos exteriores: inúmeras são as soluções para revestimentos exteriores que fazem uso de pneus em fim de vida, tornando-nos em fantásticos materiais de revestimento.
Lembramos que o plástico é um dos maiores inimigos do ambiente. A sua produção não só incorpora petróleo como a extração e produção deste envolve práticas que poluem excessivamente o ambiente. Outro problema grave, é que o plástico demora mais de 100 anos para se decompor.
Atualmente já são vários os países que aprovaram leis para banir o plástico que não seja biodegradável de forma gradual, até o eliminar completamente, entre eles estão a Índia, a Indonésia ou a Noruega, por exemplo. Na Costa Rica o governo está a investir em pesquisas e a oferecer incentivos para o desenvolvimento de novos materiais com o intuito de banir o plástico em várias áreas até 2021.
Convém salientar que existem áreas nas quais o plástico é indispensável, especialmente em produtos desenhados para a durabilidade. Porém, a Quercus alerta para que se olhe para esta necessidade de forma pensada, pesando sempre o custo ambiental/benefício, ponderando sempre as soluções alternativas, como os referidos plásticos reciclados e o uso do plástico biodegradável, em alguns casos, questionando sempre quando os usos destes materiais fazem ou não fazem sentido.
Até 31 de outubro a Quercus, em parceria com o Portal da Construção Sustentável, vai disponibilizar um caderno de encargos tipo livre de plásticos, para download nas duas plataformas.
Exercício
– Desafio aos arquitetos: A utilização do selo em anexo nos seus cadernos de encargos.
– Desafio aos utilizadores dos edifícios: Com um bloco e um lápis anotarem tudo o que tem em plástico dentro de suas casas e que facilmente poderá ser substituído no final da sua vida útil, por uma alternativa sem plástico.