No próximo dia 17 de maio, assinala-se o Dia Internacional da Reciclagem e a Quercus alerta em comunicado que, devido à pandemia, as atuais práticas de reciclagem poderão colocar em “causa o cumprimento do estabelecido em legislação europeia” na medida em que, “segundo a Diretiva Comunitária para os Resíduos, em julho de 2020 deverá ser suspensa a direta deposição ou incineração de resíduos provenientes da recolha seletiva”.
A Quercus acredita que esta realidade vai prejudicar o desempenho de Portugal em matéria de reciclagem, tornando ainda mais “difícil a concretização das metas de reciclagem estabelecidas, de 50% para 2022”, apesar das orientações da Comissão Europeia para manter a recolha seletiva dos resíduos urbanos.
Além disso, esta associação considera que Portugal irá “sofrer um retrocesso na educação para a reciclagem”, bem como na “quantidade de resíduos reciclados”. Tal é consequência das restrições adotadas no âmbito da pandemia do Covid-19, para “proteger os operadores de higiene urbana, uma vez que foi feito o apelo à não separação do lixo e à sua colocação em qualquer contentor”.
A Quercus acredita que “só iremos inverter esta tendência se for implementada, com urgência, uma Campanha que promova novamente os bons hábitos de recolha seletiva e de reciclagem” na população portuguesa, bem como a “retoma da atividade regular de recolha seletiva, garantindo a proteção dos trabalhadores”. Segundo a associação, o encaminhamento dos lixos recicláveis está a ser direcionado para “deposição em aterro ou incineração, quer pela suspensão da recolha porta-a-porta em algumas zonas de Portugal (como Lisboa por exemplo), quer pela limitação dos circuitos de recolha seletiva através de ecopontos, que enchem mais rapidamente e que por se encontrarem cheios, leva a que as populações coloquem os lixos que separaram no contentor do lixo comum, que por sua vez não é encaminhado para reciclagem”.
Num estudo levado a cabo pela Quercus, que analisou a “Gestão dos resíduos nas autarquias portuguesas e o seu contributo para a Economia Circular”, foi possível concluir que é preciso melhorar os processos de recolha seletiva de determinadas frações de resíduos como amianto ou outras pequenas quantidades de resíduos perigosos, ou mesmo a recolha de agulhas produzidas no domicílio, assim como a adoção circuitos de recolha mais eficientes dos resíduos urbanos para fomentar a reciclagem, não esquecendo a adoção de
práticas que promovam a redução, recuperação ou a reutilização de materiais, equipamentos e resíduos para uma estratégia de maior circularidade.
“É preciso assegurar um maior apoio às autarquias, orientando-as por forma a promoverem o aumento de respostas na recolha de determinadas tipologias de resíduos e seu encaminhamento adequado”, afirma a Quercus, alertando que, “se não forem oferecidas soluções que garantam a recuperação, reparação, reutilização e mesmo a reciclagem dos materiais e resíduos produzidos nas nossas habitações, é difícil promover as boas práticas circulares junto da população, frustrando principalmente quem está motivado para os bons comportamentos ambientais”.