A Quercus realizou ao longo das últimas semanas, uma análise exaustiva a todos os pedidos de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais que foram efetuados entre janeiro de 2016 e junho de 2019, ou seja, ao longo dos últimos três anos e meio. Os dados oficiais que serviram de base a esta análise foram recolhidos através da página eletrónica da Direção-geral de Energia e Geologia e dos avisos nela publicitados.
Em comunicado, a Associação afirma que a análise detalhada permitiu demonstrar e concluir a existência real de uma “corrida ao lítio” em Portugal, que na maioria das vezes é acompanhada por outros minerais (Ouro, Prata, Zinco, Cobre, e outros). Num total de 93 requerimentos analisados, foi possível concluir que “em 19,3% da área territorial de Portugal existem pedidos de prospeção e pesquisa de minerais (17 797, 92 km2), sendo que apenas só no primeiro semestre de 2019 foi requerida uma área global de 8 848,4 km2, cerca de 49,7% do total dos últimos três anos e meio”. O lítio e o ouro são o minerais mais requeridos, com um total de cinquenta pedidos cada, nos anos analisados.
Relativamente ao Lítio em 2019, em apenas seis meses, foram apresentados 22 requerimentos, todos apresentados por uma única empresa, a Portugal Fortescue, Unipessoal, Lda, totalizando 6 926,168km2 de área para prospeção, 74,4% do total dos últimos três anos e meio. No total, 130 Municípios de Portugal continental (46,8%) estão sob ameaça da exploração de minerais, 79 dos quais com requerimentos de lítio (25,7% dos municípios).
Os municípios com mais requerimentos de prospeção de lítio são a Guarda e Figueira de Castelo Rodrigo, com 7 requerimentos diferentes em acumulado. Resultou também demonstrado da análise efetuada que as regiões alvo destes pedidos de prospeção de minério são o Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro e Beira Interior. O estudo completo pode ser consultado na página eletrónica da Plataforma “Alerta Lítio” (www.alertalitio.quercus.pt).
Perante estas evidências, a Quercus considera que “existe claramente uma pressão, por parte dos vários investidores, para que estes projetos de mineração, sobretudo de Lítio, avancem em todo o território nacional” recomendando ao Governo português que “tenha uma atitude muito precaucionaria, olhando de forma mais atenta para os interesses ambientais e das populações atingidas”.
A Associação Nacional de Conservação da Natureza recorda também todos os problemas e impactes ambientais que este tipo de mineração acarreta e considera que não é aceitável falar-se da extração de lítio, no contexto de mobilidade elétrica, como a solução única e ótima de armazenamento de energia, dado todo o contexto em que a extração deste minério se realiza. A extração de lítio é sobretudo um problema de mineração e dos seus impactos no ambiente e nas populações.