A Quercus exige que o lobo-ibérico continue a ser considerada uma espécie protegida pela legislação portuguesa, no seguimento de uma possível revisão da legislação em vigor desde 1998. "A solução para os prejuízos causados pelo lobo tem de passar, por um lado, pela aplicação de medidas adequadas de maneio e protecção do gado de modo a prevenir ataques de lobo. Por outro lado, terá de passar pelo pagamento de indemnizações com valores adequados que cubram efectivamente os prejuízos causados e que sejam pagas em prazos curtos, de modo a possibilitar uma mudança cultural entre agricultores e produtores de gado, transformando uma relação antagónica numa convivência pacífica", refere a Associação Nacional de Conservação da Natureza em comunicado. A Associação considera ainda que o pagamento de indeminizações previsto no actual quadro legal é insuficiente, devendo ser acrescentados também os valores afectos aos danos em vedações, ao tempo de procura do gado perdido, ou o custo de transporte e logística para a substituição do mesmo. "Infelizmente, a atribuição das indemnizações está sujeita a uma incompreensível burocracia que muito atrasa os pagamentos, tornando a situação insustentável para quem sofre os prejuízos", admite a Quercus que considera que o Estado deveria assegurar canais de informação e ajudas financeiras que permitam aos criadores de gado aplicar medidas adequadas para prevenção de ataques de predadores, tais como a uso de cães de protecção de gado e de cercas eléctricas. "Há também a considerar que a reacção das populações do centro do país é exagerada, uma vez que existirão no máximo cerca de 50 lobos em toda esta região" enquanto que na região norte, que possui "uma população de lobos de pelo menos 250 animais e milhares de ataques registados anualmente, não se tem verificando o alarme social que está a ocorrer na região centro". Um alarmismo que, reforça a associação, deve ser combatido com informação adequada, um acompanhamento de proximidade por parte do Instituto de Conservação na Natureza e das Florestas (ICNF), apoios para a aplicação de medidas de protecção do gado e com uma maior celeridade no pagamento das indemnizações, "e não com uma alteração da legislação na Assembleia da República que venha a permitir a caça ao Lobo-ibérico". A Quercus realça que a protecção do lobo deve garantir não só a sua sobrevivência, mas também a preservação dos seus habitats e locais de reprodução e chama a atenção para a instalação exagerada de parques eólicos nas serras do centro do país, que está a perturbar o habitat natural do lobo, motivando que este seja “empurrado” para regiões mais baixas onde tem maiores probabilidades de interagir com humanos e gerar prejuízos.
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