Em 2017, o Dia Mundial para a Preservação da Camada do Ozono, assinalado a 16 de setembro ficou marcado pela revelação por fontes da NASA que afirmavam estarmos a assistir à redução do buraco do ozono sobre a Antártida, para o menor tamanho desde 1988. Mas atualmente a realidade é outra.
Dados científicos disponibilizados pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) vêm comprovar que as emissões de gases responsáveis pela destruição da Camada do Ozono foram 25% mais altas em 2014 do que no período entre 2002 e 2012, pelo facto de se voltar a usar CFC.
Quando procuramos um eletrodoméstico, na maioria das vezes, olhamos para o preço, procurando o mais barato, não perdendo muito tempo em analisar os componentes ou a origem. Quem fabrica um eletrodoméstico, procura colocar no mercado um produto concorrencial, ou seja, o mais barato. Quem trabalha na recolha dos lixos sabe exatamente quais os materiais com maior valor económico, e se não estiver licenciado, é-lhe dada uma liberdade para não cumprir normas ambientais. E é aqui que está o mote! O “dinheiro” é que é o verdadeiro causador do aumento do buraco do ozono.
Todos os países assumem compromissos e assinam protocolos como o de Montreal, para a preservação da camada do ozono, mas na hora de mostrar as contas não há bons alunos, todos fazem batota, de uma forma ou de outra, quer com o regresso à utilização de produtos responsáveis por contribuir para esta destruição (embora proibidos), quer com a incorreta classificação e encaminhamento dos resíduos destes equipamentos elétricos nos trabalhos de demolições de edifícios, quer pelo furto dos compressores embutidos nos equipamentos de refrigeração, antes que os mesmos cheguem aos recicladores.
O objetivo do Dia Mundial para preservação da Camada do Ozono é alertar para as consequências da destruição desta frágil camada, procurando soluções que a permitam proteger e eliminando a utilização dos produtos responsáveis pela sua destruição – garantindo-lhes um encaminhamento adequado após uso. Este foi o objetivo traçado em 1987, aquando da assinatura do Protocolo de Montreal por cerca de 150 países, que foi alcançado entre 2002 e 2012, com a redução dos danos nesta camada.
Identificados os produtos que estavam na origem desta destruição – os químicos sintéticos denominados por CFC (clorofluorocarbonetos ), usados regularmente em aerossóis, produtos de refrigeração dos eletrodomésticos (por exemplo frigoríficos e arcas congeladoras) ou aparelhos de ar condicionado, solventes ou na produção de espuma rígida utilizada no enchimento de eletrodomésticos (espuma de poliuretano), cada país ficou livre de delinear uma estratégia para os eliminar.
Em Portugal, os HFC (hidrofluorcarbonetos) foram substituídos por CFC, nos novos produtos colocados no mercado, e para dar resposta aos equipamentos fora de uso, foram criadas Entidades Gestoras com o intuito de assegurar o correto encaminhamento dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos para destinos licenciados e preparados para separar os componentes perigosos para a camada do ozono, garantindo-lhe um destino seguro.
Em 2015 foram colocadas no mercado nacional 84.058 toneladas de grandes eletrodomésticos, nos quais estão enquadrados os frigoríficos e as arcas congeladoras, livres de CFC. Por outro lado, nesse mesmo ano, verificou-se a recolha de 30.540 toneladas dos resíduos de eletrodomésticos de grandes dimensões.
Apesar do cumprimento das taxas – 85% de valorização e 80% para a reutilização e reciclagem destes equipamentos, a Quercus considera que a situação é grave, pois enquanto existirem falhas no processo, não conseguiremos assegurar a proteção da Camada do Ozono. A Camada de Ozono é um escudo gasoso frágil que protege o globo das radiações solares, preservando assim a vida na Terra. A sua função é extremamente importante, na medida em que absorve 95% da radiação ultravioleta B (UV-B), radiação solar que pode provocar queimaduras e outros efeitos ainda mais graves como cancro de pele.