Comemora-se hoje o Dia Nacional da Conservação da Natureza. Neste dia, e “apesar de várias serem as problemáticas, no âmbito da Conservação da Natureza, para as quais se poderia alertar”, a Quercus destaca a questão da conservação dos peixes de água-doce como o tema central deste ano. Num comunicado enviado à imprensa, a Quercus relembra que tem vindo a divulgar e a envidar esforços no sentido de promover diversas ações minimizadoras de impactes negativos sobre os cursos de água nacionais, assim como recuperar algumas das espécies de peixes de água-doce criticamente ameaçadas. Agora, é altura de também o Estado Português investir mais e melhor nesta área.
Segundo a associação,o crescimento demográfico exponencial, as infraestruturas turísticas e as atividades de produção tem levado à drenagem e à poluição de zonas húmidas, responsáveis pela destruição de numerosos habitats, colocando em risco a riqueza faunística e florística que estes ecossistemas albergam. No fundo, todas as ações e atividades passíveis de provocar alterações significativas nos sistemas aquáticos e ribeirinhos e a sua desnaturalização constituem ameaças às espécies autóctones e endémicas. Os cursos de água nacionais enfrentam fortes pressões, encontrando-se sujeitos a séria degradação. Situações como as descargas de efluentes industriais ou pecuários, contaminantes dos cursos de água, o aumento inevitável de verões prolongados e com pouca ou nenhuma chuva, colocam enormes ameaças à sobrevivência dos organismos fluviais, nomeadamente do grupo dos peixes.
A estas ameaças acresce, acrescenta a Quercus, a presença e proliferação de animais ou plantas de espécies exóticas, invasoras, com efeitos devastadores para as populações nativas. Considera-se a construção de barragens como a maior ameaça e com elevadíssimos impactes negativos nas espécies de peixes dulçaquícolas, em particular se se considerar todos os impactes provocados desde a sua construção, o que por si só implica a perda de grandes áreas de habitats a montante e a jusante. Acresce a estes impactes o efeito de barreira, provocando a fragmentação e o isolamento de populações das diferentes espécies com consequente descontuidade das populações.
Dentro das espécies de peixes de água-doce presentes nos ecossistemas fluviais portugueses, destacam-se algumas espécies endémicas cuja situação é de elevado risco de ameaça e que tem sido objeto de medidas especiais de conservação: a boga do Oeste (Achondrostoma occidentale), a boga portuguesa (Iberochondrostoma lusitanicum), o escalo do Mira (Squalius torgalensis), o escalo do Arade (Squalius aradensis), a boga do Sudoeste (Iberochondrostoma almacai) e o saramugo (Anaeceprys hispanica).
Para a Quercus, “é necessário que o Estado Português invista mais e melhor nesta área, de modo a que seja ainda possível recuperar algumas destas espécies seriamente ameaças de extinção. Algumas dessas medidas de conservação passam pela melhoria da qualidade da água dos nossos cursos de água, através da construção de mais infraestruturas de tratamento de efluentes domésticos e industriais, e pela consolidação e renaturalização das suas margens. Também o restabelecimento da conectividade fluvial, um controlo mais eficaz sobre a pesca ilegal e medidas de erradicação das espécies invasoras seriam fundamentais ao sucesso de um sério plano de recuperação dos peixes de água-doce que deveria ser implementado a nível nacional”.
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