A chuva que caiu durante o mês de dezembro levou a um novo desagravamento da seca, mas 37,3% de Portugal continental mantém-se nesta situação, segundo dados do Boletim Climatológico do Instituto do Mar e da Atmosfera. De acordo com o índice meteorológico de seca (PDSI) disponível hoje no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), destes 37,3%, apenas 3,5% são relativos a seca severa (sotavento algarvio).
Os dados indicam que houve em dezembro um desagravamento da situação de seca em Portugal continental, relativamente a novembro. No final de dezembro, as regiões do norte e centro já não estavam em situação de seca meteorológica, verificando-se o aumento das percentagens nas classes de chuva severa e moderada em grande parte do território a norte do Cabo Mondego. Na região sul, de acordo com o IPMA, houve um desagravamento significativo da situação de seca meteorológica, persistindo, contudo, seca severa no sotavento algarvio.
O relatório indica que a 31 de dezembro, 31,8% do continente estava em chuva moderada, 24,8% em seca fraca, 18,7% em chuva fraca, 9,5% normal, 9% em seca moderada, 3,5% em seca severa e 2,7% em chuva severa. A 30 de novembro, 24,5% do continente estava em seca fraca, 23,8% em chuva fraca, 23,3% em seca moderada, 10,9% em seca severa, 9,4 normal, 7,5% em chuva moderada e 0,6% em seca extrema.
O instituto classifica em nove classes o índice meteorológico de seca, que varia entre “chuva extrema” e “seca extrema”.
De acordo com o IPMA, existem quatro tipos de seca: meteorológica, agrícola, hidrológica e socioeconómica. A seca meteorológica está diretamente ligada ao défice de precipitação, quando ocorre precipitação abaixo do que é normal. Depois, à medida que o défice vai aumentando ao longo de dois, três meses, passa para uma seca agrícola, porque começa a haver deficiências ao nível da água no solo. Se a situação se mantiver, evolui para seca hidrológica, quando começa a haver falta de água nas barragens. Existe também a seca socioeconómica, que é considerada quando já tem impacto na população.
Além do índice de seca, o Boletim Climatológico do IPMA, indica também que o mês de dezembro foi quente em relação à temperatura do ar e chuvoso quanto à precipitação. Segundo o IPMA, o valor médio da temperatura média do ar em Portugal continental (10,99 graus Celsius) foi superior ao valor normal em 1,02 graus, sendo o terceiro mais alto desde 2000 (mais altos em 2015 e 2000).
Quanto à chuva, o IPMA indica que o valor médio da quantidade de precipitação em dezembro foi superior ao normal, correspondendo a cerca de 127% do valor normal mensal. O IPMA destaca que desde 2010 não se verificavam valores de precipitação acima do normal no mês de dezembro.