São muitos os estudos que confirmam uma preocupação crescente por parte dos jovens sobre o tema da sustentabilidade e a consequente mudança de comportamentos, como por exemplo, a redução do consumo. Aquela abordagem linear – “extrair, utilizar, consumir e descartar” – é algo que muitos especialistas têm chamado a atenção e, num planeta finito, esse é um modelo que tem que, obrigatoriamente, deixar de existir. A Qualifica que decorre entre os dias 20 e 23 de abril, na Exponor, no Porto, escolheu a “Economia Circular” como tema principal com o objetivo de inspirar os jovens para esta urgente e rápida mudança. É precisamente nas “empresas jovens” presentes nesta feira que nos vamos debruçar nesta reportagem, partilhando o que fazem e como olham para os jovens enquanto impulsionadores de uma economia verdadeiramente circular.
No mercado desde 2015, a Bio Boards é uma empresa, sediada no Porto, que se centra no desenvolvimento de material desportivo para o treino de surf, sempre com a vertente sustentável muito vincada na atividade. Ricardo Marques, fundador da Bio Boards, acredita que a “boa relação” com o surf permite à empresa compreender a ideia de “surfskating” a um nível mais profundo. Os skates land surf são um bom exemplo disso, por serem diferentes e, ao mesmo tempo, replicar a sensação de surfar em terra. Quanto à sustentabilidade, esta materializa-se, essencialmente, nas escolhas de “materiais locais, reutilizáveis e biodegradáveis” para o desenvolvimento dos surfskate: “Estamos a dar a conhecer uma nova lixa feita de sola de sapatilha reciclada”, exemplifica.
Desde a sua criação, a Bio Boards tem registado um “crescimento orgânico”, estando com uma forte presença no online, em marketplaces, como a “Amazon” e, com “parceiros físicos”, como “escolas de surf locais” ou “hostels”.
A presença na Qualifica assume-se de grande importância porque, além de ser um “meio de divulgação” da empresa, onde “damos a conhecer o nosso trabalho e as nossas inovações”, também serve de recrutamento: “Procuramos mentes criativas que nos ajudem e que estejam interessados em trabalhar”. Depois, o facto de ser um encontro de jovens, também é uma mais valia: “Temos um feedback verdadeiramente genuíno”, destaca.
Apesar de existir uma maior consciencialização sobre a sustentabilidade, quer pelos jovens ou população em geral, quer pelas empresas, Ricardo Marques não quis deixar de alertar para importância de se conhecer verdadeiramente o conceito e o que engloba: “Há muita informação que passa sobre sustentabilidade de materiais que, à partida, são reutilizados, mas a sua produção é mais poluente do que utilizar materiais virgens”. Apesar disso, o fundador da Bio Boards acredita que os “jovens são, verdadeiramente, as vozes do futuro”, no sentido em que “estão mais sensibilizados para a sustentabilidade e para um não consumo em massa”.
[blockquote style=”2″]”… sensibilizar os jovens para a realidade europeia…”[/blockquote]
Quem parece concordar com a mesma ideia é Alexandre Coutinho, presidente da Associação Intercultural para Todos (IAFA): “Os jovens são a voz do futuro de certeza”. Quanto a serem precursores da sustentabilidade, o responsável acredita que também lhes cabe tal papel: “Tentamos alertar para a problemática que existe, mas cabe a eles tomar a decisão”. E o “pouco que se fez” é, para Alexandre Coutinho, o suficiente para que “os jovens percebam que podem fazer mais e melhor”. Fazendo uma avaliação geral daquela que é a predisposição para adotar práticas amigas do ambiente, o responsável considera que “há muitos jovens que estão nessa onda de melhorar”, mas “há muitos que [isso] lhes passa completamente ao lado”.
A presença da IAFA na Qualifica justifica-se pela atividade na qual esta associação se centra: “Trabalhar a mobilidade dos jovens”. Na prática: “Queremos sensibilizar os jovens para a realidade europeia, isto é, abrir mentalidades e que deixem de pensar local para verem o mundo global no qual estamos inseridos”. A Associação tem, assim, a missão de dar a conhecer as oportunidades que os jovens devem aproveitar antes de enveredar no mundo laboral: “Fazemos com que os jovens aprendam as diferentes perspetivas dos vários países e que sejam quebrados estigmas e conceitos ao nível social”, explica. Outra vantagem é que os programas da IAFA são financiados: “Os jovens podem fazer estas viagens de forma gratuita”.
A vertente da sustentabilidade é, mais do que nunca, um tema no qual a União Europeia se tem centrado em vários programas como o “Erasmus +” e a “Europa Criativa”. Nesse sentido, além do pilar da inclusão social ou do emprego, o objetivo é que toda a experiência seja feita de forma sustentável. E tudo começa pela própria viagem: “Antigamente, era atribuído um budget para a viagem e o procedimento normal passava pela aviação, mas agora é dada a possibilidade de se fazer a viagem de comboio ou autocarro, tornando a mesma mais ecológica e amiga do ambiente”, remata Alexandre Coutinho.
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