São muitos os estudos que confirmam uma preocupação crescente por parte dos jovens sobre o tema da sustentabilidade e a consequente mudança de comportamentos, como por exemplo, a redução do consumo. Aquela abordagem linear – “extrair, utilizar, consumir e descartar” – é algo que muitos especialistas têm chamado a atenção e, num planeta finito, esse é um modelo que tem que, obrigatoriamente, deixar de existir. A Qualifica que decorre entre os dias 20 e 23 de abril, na Exponor, no Porto, escolheu a “Economia Circular” como tema principal com o objetivo de inspirar os jovens para esta urgente e rápida mudança. É precisamente nas “empresas jovens” presentes nesta feira que nos vamos debruçar nesta reportagem, partilhando o que fazem e como olham para os jovens enquanto impulsionadores de uma economia verdadeiramente circular.
Enquanto marca de compra e venda de roupa em segunda-mão, a MyCloma está presente no mercado online através de um site e de uma plataforma e, no mercado offline, com uma parceria entre a Auchan, onde dentro do espaço integra um “corner para venda”.
A presença no certame serve de “montra de apresentação” aos jovens: “Está mais que provado que são eles quem têm maior predisposição e preocupação com a sustentabilidade e com o futuro do nosso planeta”, afirma Ana Raquel, uma das cinco fundadoras da MyCloma e responsável pelas operações e mercado offline. A presença da MyCloma na Qualifica justifica-se assim pelo facto de serem os “jovens os futuros compradores” e, ao mesmo tempo, reforçar aquela que é visão da marca: “Queremos abrir a mentalidade das pessoas à compra da roupa em segunda mão”. Tendo a visão de “mudar o paradigma da roupa em Portugal”, Ana Raquel está confiante que as áreas da economia circular e da sustentabilidade vão originar muitas oportunidades no mercado laboral: “Já temos dado palestras no sentido de explicar, aos jovens, como podem criar um negócio na área da sustentabilidade e o objetivo é que o nosso exemplo sirva de inspiração para outros”. Além disso, o crescimento do mercado da “segunda mão” cresce todos os dias: “Nos Estados Unidos, este mercado quadriplica”. Portanto: “Há espaço para todo o tipo de plataforma não só para a roupa em segunda mão, mas para qualquer área de negócio, desde que seja para prolongar a vida útil do produto e para que se possa reduzir a produção”, sustenta.
[blockquote style=”1″]”… serão a ´voz do futuro`, mas para temas ligados à “tecnologia e à comunicação”[/blockquote]
Já Filipa Valente, administrativa na Deco Associação, não parece estar tão confiante no que à predisposição dos jovens diz respeito em matéria de sustentabilidade: “Hoje em dia, os jovens querem o prático: jamais levariam um saco a granel para o supermercado, sabendo que é mais fácil usar o tradicional”. Esta é uma realidade que, no entender da responsável, deve mudar o quanto antes: “É do futuro do planeta que se trata, mas também do nosso”.
A presença na Qualifica tem como objetivo “dinamizar o programa da rede sustentável” da Deco Associação: “Procuramos obter alguma procura e induzir aos jovens mudanças no sentido de terem um vida mais sustentável”, explica a responsável, dando como exemplo, os “sacos a granel” que estão a promover. Além disso, é objetivo da Associação ter um alcance maior no que à sustentabilidade diz respeito: “Queremos levar a Deco mais longe e que percebam que não somos só a resolução do conflito: fazemos muito mais, desde formações até ações de sensibilização para o consumo destinadas não só aos jovens, mas também a seniores”.
Voltando aos jovens, Filipa Valente não tem dúvidas de que serão a “voz do futuro”, mas para temas ligados à “tecnologia e à comunicação”, ficando a sustentabilidade de fora: “Os jovens estão muito ligados às redes sociais”. Para a responsável, “falta sensibilizar e incorporar estes sistemas ligados à sustentabilidade”, sendo as “escolas e as empresas” um bom veículo para tal, nomeadamente, através de “ações” ou “iniciativas” ou “práticas”. Além disso, a administrativa da Deco Associação chama a atenção para a importância de se clarificar o impacto da sustentabilidade: “Não ajuda só o planeta, mas também a nossa economia”, remata.