#Qualifica: Economia Circular surge como “inspiração” aos jovens para fazerem a mudança
Inovação, transição digital e sustentabilidade. Estes são os três focos que vão nortear os empregos do futuro. E é precisamente em torno destes três grandes pilares que a Qualifica, a maior montra de oferta em termos de formação e empregabilidade, se vai debruçar durante três dias. Entre 20 e 23 de abril, a Exponor, no Porto, está de portas abertas para receber as “vozes do futuro” – os jovens, sob o mote “Economia Circular”.
A Ambiente Magazine rumou ao certame para perceber, junto de Amélia Estêvão, diretora de marketing da Exponor, qual a ligação entre a economia circular e esta feira: “É um tema que surgiu em 2019 – (aquando da preparação da feira para 2020) – e que está na ordem do dia, com os jovens, empresas e público em geral a demonstrar uma preocupação cada vez maior com a saúde do nosso planeta”. E esta ligação materializa-se, precisamente, na sensibilização para estes problemas que tem de começar na “tenra idade”, ou seja, nos jovens: “É super adequado enquadrar este tema na Qualifica”. A economia circular aparece assim como forma de “inspirar” os jovens para a mudança de comportamentos e, ao mesmo tempo, fazerem a diferença no futuro: “Só temos um planeta. E mesmo que não possamos mudar o mundo, podemos dar um pequeno contributo para que esta mudança de paradigma se concretize”. Nesta equação, “os jovens” são os “principais atores” para que tal aconteça e se materialize, sustenta.
Questionada sobre a predisposição dos jovens à mudança, Amélia Estêvão está confiante e acredita que os temas ligados ao ambiente são já uma prática nas escolas, começando, desde logo, no ensino básico: “Muitas vezes, em casa, é esta camada mais jovem a serem os prescritores dos pais – alguns de outras gerações que não estão tão sensibilizados para o tema – à prática da reciclagem”. A par desta realidades, já se encontram “pequenas empresas que trazem a temática para o dia-a-dia”, refere a responsável, dando o exemplo de algumas empresas que marcam presença na Qualifica, e que “têm no seu ADN a vertente da sustentabilidade muito bem vincada”, como o “desperdício alimentar”, as “roupas em segunda mão” ou “pranchas feitas com material reciclado”. Tratam-se de entidades, empresas ou organizações que procuram “influenciar” e “inspirar” os jovens neste caminho mais verde.
Relativamente ao papel das escolas e das universidades, a diretora de marketing da Exponor, reconhece que é um trabalho que está a ser feito, principalmente, na integração destes temas com a formação: “Os professores estão na vanguarda no que a estes temas diz respeito”. Aliás, já se vê, cada vez mais, um leque variado de cursos para os jovens poderem escolher áreas ligadas não só à temática ambiental, como também à tecnologia: “Desde a criptomoeda ao blockchain, passando pelas áreas mais analíticas e da robótica ou do empreendedorismo verde e social, assistimos a um mercado de trabalho muito moldado por profissionais que há poucos anos não existiam. E é levar estas tendências aos jovens que procuramos aqui na feira”.
Mas, no mundo de oportunidades, há também desafios para estes jovens que começam agora a dar os primeiros passos no mercado laboral: “O maior começa na formação técnica de base, isto é nas relações interpessoais e na capacidade multitasking”. Atualmente, as empresas procuram “pessoas flexíveis, que se adaptem e que trabalhem na área da criatividade: sentimos que, cada vez mais, a parte técnica pode ser substituída, mas a criatividade nunca”. E é esta “capacidade de reinvenção, de inspiração e de criatividade” que Amélia Estêvão acredita que vão ser requisitos-chave para estes jovens enveredaram no mundo laboral: “Já se começa a ver estas valias expostas nos projetos de universidades que trabalham em colaboração com as empresas”. Apesar da Covid-19 ter revolucionado o mundo, a responsável considera que, ao mesmo tempo, foi impulsionadora para despertar o que antigamente se ia fazendo: “Foi a necessidade de olhar para o meio digital de forma mais rápida, de as empresas e escolas se adaptarem ao contexto e, no fundo, acelerar este mundo tecnológico”. Ainda assim, Amélia Estêvão chama a atenção que esta adaptação foi feita com sucesso porque houve “rede” e “colaboração” entre todos: “Só como o trabalho em rede é que conseguimos melhores resultados”.
Portugal vs Europa
Quando comprado Portugal com os restantes países da Europa, a diretora de marketing da Exponor não tem dúvidas do potencial que existe no país: “Estamos num bom caminho para estarmos nos primeiro lugares da Europa”. E a prova disso é que “temos um sistema de ensino muito bom e bem preparado” com um leque de empresas interessadas nos jovens portugueses: “Há muitas empresas estrangeiras que vêm recrutar estudantes”. Contudo, há “handicap” que Portugal necessita de dar resposta: “Não há condições de remuneração para que esses jovens se possam implementar com sucesso no país e, muitas vezes, há a necessidade de ir para fora, apenas, por condições salarias”. Hoje em dia, “a vida em Portugal é tão cara como outros países europeus, mas o sistema salarial não consegue acompanhar: e os jovens são hoje mais exigentes porque querem trabalhar onde são felizes, bem tratados e reconhecidos pessoalmente e financeiramente”.
Ao longo destes três dias, estão previstos mais de 30 mil visitantes à Qualifica que oferece uma panóplia de ofertas através dos 150 expositores.