Drones, reforço da disponibilidade das equipas de Sapadores Florestais, uma equipa mecanizada de resposta rápida do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), fazem parte das ferramentas em que o governo português apostou para a época de incêndios que se aproxima. Mas há mais, um novo mapa de risco de incêndio disponibilizado pela Direção Geral do Território, já foi adotado pela Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).
“Não temos a mais pequena dúvida, relativamente à próxima época de incêndios, do seguinte: não havendo nenhuma indicação por parte das entidades competentes de poder haver uma redução do número de efetivos capazes para combater incêndios, não conseguimos garantir categoricamente, por força do Covid-19, que iremos ter exatamente esses meios”, deixou vincado João Matos Fernandes, ministro do Ambiente, na recente Audição na Comissão de Agricultura e Mar que decorreu no Parlamento. Sendo assim, indica o responsável que estamos a fazer um reforço muito grande na vigilância. Este reforço passa essencialmente por um instrumento inédito, a utilização de drones de grande alcance. De acordo com o ministro, estes terão um raio de ação de 100 quilómetros que aguentam 6/8 horas no ar, que vão permitir que Portugal tenha seis bases, cada uma com dois drones, a cobrir durante 24 horas todo o território e dessa forma fazer a deteção precoce de incêndios. Serão então adquiridos 12 drones pelas forças armadas nacionais, mas financiados pelo Fundo Ambiental, para a vigilância.
Em outro quadrante João Matos Fernandes, indica que “nas florestas nunca interrompemos o trabalho de gestão, proteção e preparação da época de maior risco de incêndio”. Sendo assim, realça o responsável o protocolo com a Associação dos Industriais da Construção Civil de Obras Públicas que prevê o reforço de combustível num perímetro de um conjunto de 425 aglomerados populacionais e um Programa de Reforço da Disponibilidade das equipas de Sapadores Florestais que tem como objetivo duplicar a capacidade para a vigilância e primeira intervenção destas mesmas equipas.
Por outro lado, haverá também um reforço de intervenção através de uma equipa mecanizada de resposta rápida do ICNF para estabilização de emergência no período pós evento. “Está a aberto até 31 de Maio um concurso do Fundo de Gestão Florestal Permanente para apoio ao reequipamento das equipas e através de uma candidatura ao POSEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos e ao Fundo de Gestão Florestal Permanente o ICNF adquiriu um conjunto significativo de máquinas e de equipamentos que constituem a equipa de estabilização de emergência e que estão a completar o trabalho de realização das Faixas de Interrupção de Combustível (FIC)”, indicou o ministro. Acrescenta ainda o responsável que as equipas do ICFN com meios pesados, poderão dedicar-se à supressão dos incêndios, mas essencialmente ao início da recuperação das áreas ardidas. “Queremos mais à frente vir a ter um músculo administrativo necessário para poder intervir nestas áreas”, acrescentou João de Matos Fernandes.
Relativamente aos Sapadores Florestais, indica o responsável que “aquilo que é o papel dos Sapadores, no desmembramento das equipas nos dias mais complexos, permitirá dobrar a capacidade de vigilância”.
O ministro do Ambiente e da Ação Climática avançou ainda que “sobre o risco de incêndio há um trabalho magnifico feito muito recentemente, pela Direção Geral do Território, que atualiza todas as ferramentas que existiam sobre o que é o mapa do risco de incêndio. Este instrumento já foi adotado pela AGIF e entidades que têm a responsabilidade mais concreta quando há incêndios e que promove alterações face ao que existia anteriormente”.
João Matos Fernandes, na ocasião, recordou também o trabalho desenvolvido no Plano Nacional de Defesa das Florestas contra incêndios. Indica o responsável que neste âmbito “a rede projetada de 10700 quilómetros de extensão ocupando uma área potencial de 132 mil hectares, estando a ser executada e já indo a mais de 1/3, com expectativa de chegarmos a ½ no final do primeiro semestre. Foram criadas 435 equipa de sapadores florestais, 26 brigadas de sapadores florestais, a acrescentar a investimentos anteriores (a criação de 34 equipas de sapadores florestais, num investimento de 1,7 milhões de euros)”.
Por outro lado, indica o Ministro que de março de 2019 até ao momento “executámos um plano de prevenção estrutural com instalação e beneficiação das redes primárias das FIC: 3700 quilómetros da rede primária, 20 mil hectares de gestão de combustíveis para proteção de pessoas e bens, 12,7 mil hectares de mosaicos de gestão de combustível; 2,8 mil quilómetros de rede viária floresta; 5,4 mil hectares de fogo controlado e queimas e 14 projetos piloto de prevenção estrutural em parques e áreas protegidas”.