Propostas para nova ponte de metro entre Porto e Gaia já podem ser submetidas
O Porto vai ter mais estações de metro e uma nova ponte sobre o Douro. Foi lançado, esta terça-feira, o concurso público internacional para concretizar a nova ponte e que se traduzirá numa “segunda linha” de metro para Vila Nova de Gaia.
A cerimónia, que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, serviu de lançamento a este concurso que servirá para acolher ideias para o projeto com um júri de 11 elementos. A travessia irá ligar as duas margens do Douro e servirá uma nova linha entre a Casa da Música e Santo Ovídeo.
O evento serviu também para consignar o prolongamento da linha amarela e a construção da linha rosa, obras que deverão tirar 17 mil carros das ruas da “Invicta”. A linha amarela será prolongada de Santo Ovídeo à zona residencial de Vila D’Este, em Gaia, adicionando três estações à rede. O metro chegará assim ao Centro de Produção da RTP e ao Hospital Santos Silva. Já a linha rosa será circular e adicionará mais quatro estações à rede, ligando todas as linhas.
As obras representam um investimento total de 407 milhões de euros.
PRR “exige pressa de apoiar a economia”
“As Áreas Metropolitanas são verdadeiras autoridades de transporte”, começou por dizer Matos Fernandes, reiterando que “as empreitadas que hoje se iniciam são essenciais para o metro de Porto e fundamentais para a mobilidade”. Trata-se assim de um “reforço indispensável” para garantir que “só no setor dos transportes vamos reduzir em 40% as nossas emissões até 2030”, disse.
“O PRR significa Plano de Recuperação e Resiliência e exige pressa de fazer, pressa de investir, pressa de apoiar a economia para depressa ultrapassar esta crise provocada pela pandemia”, disse o chefe da Pasta do Ambiente.
Sobre a nova ponte entre Porto e Gaia, o ministro do Ambiente afirmou que tal obra teria de começar com um “concurso de ideias à escala mundial” e a “escolha do projeto” deve ser feita por um júri de engenheiro e arquitetos altamente qualificados: “Há projetos que precisam de tempo e de cuidado de integração. Este é um concurso de ideias mas o produto da sua entrega já vai ter um pré dimensionamento da estrutura que permita avaliar a sua executabilidade e o seu custo”.
E da nova ponte já se sabe que, segundo Matos Fernandes, “não deverá ter pilares no rio, a sua quota será ligeiramente mais alta do que a da Ponte da Arrábida” e vai ser exclusivamente para o metro, bicicleta e peões. O concurso lançado esta terça-feira estará aberto por quatro meses.
“Novos elementos na rede evitam emissão de 4 mil toneladas de CO2”
Já para o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, este lançamento é “um dos dias mais importantes da curta mas rica história da Metro do Porto”. A consignação das linhas Rosa e Amarela do Metro do Porto traduzem bem o compromisso do Governo: “Estes dois novos elementos de rede vão evitar anualmente a emissão de 4 mil toneladas equivalentes de CO2”, disse. Conscientes que os próximos anos serão exigentes, Tiago Braga declarou que “os avultados recursos financeiros disponibilizados para este projeto obrigam a um grande rigor e transparência na sua utilização”. Por isso, a partir de hoje, está, também, disponível a todos um microsite sobre o estado e o avanço das obras.
A estes dois elementos, acresce o lançamento do concurso público da concessão da ponte sobre o rio Douro, desenvolvido no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) com um investimento de 50 milhões de euros. De acordo com o presidente da Metro do Porto, esta ponte terá que surgir com um “hífen”, isto é “um ponto de ligação não só entre as duas margens” mas também “entre dois elementos e, também elas, pontes: a Ponte de Arrábida e a Ponte D. Luís I”. Relativamente aos possíveis incómodos que tais trabalhos poderão originar, Tiago Braga foi perentório: “Seremos rigorosos, vigilantes e expeditos na sua mitigação”.
O transporte individual tem que sair do paradigma das nossas cidades
Para Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, estas obras resultam de um “grande compromisso e entendimento” que existe entre a Metro do Porto, o Governo e as autarquias. Além disso, as obras vão ter um impacto na área metropolitana a nível ambiental, promovendo a retirada do transporte individual e, ao mesmo tempo, na atividade económica: “O transporte individual tem que sair do paradigma das nossas cidades”.
No que concerne à nova ponte, Rui Moreira acredita que provocará uma “visão mais bonita” à cidade. E sobre os impactos que as obras vão causar, o autarca alertou: “Não se esqueçam que em cada floresta tem que morrer uma árvore para que a floresta continue a viver e tudo isto tem um impacto final muito superior”. Por isso, “se nós hoje não lançamos estas obras, as nossas cidades não vão ser capazes de cumprir aquilo que os cidadãos esperam de nós”, remata.