Com o intuito de ajudar os municípios que foram afetados pelos incêndios a recuperar as suas encostas e áreas de difícil acesso, vão ser lançadas de avião milhares de sementes, que irão devolver vida a zonas a que dificilmente se conseguiria aceder e ao mesmo tempo, acelerar o processo de repovoamento, dado que os animais passam a contar com algum alimento. Inicialmente este processo ajudará à fixação e nutrição dos solos para a posterior recuperação da floresta autóctone, refere a Quercus, em comunicado.
O projeto “Semear Portugal por Via Aérea” irá ter duas fases. A primeira consiste em semear gramíneas e leguminosas por via aérea, nas zonas afetadas pelos incêndios, designadas pelos municípios, em áreas baldias e em casos excecionais em áreas privadas, se previamente autorizado pelos proprietários. Na segunda fase procede-se ao lançamento de sementes de espécies arbóreas e arbustivas autóctones.
“Esta é mais uma iniciativa da Take C’Air Crew Volunteers em conjunto com o movimento Replantar Portugal, a Quercus e a Avitrata. É um projeto que nunca tinha sido feito em Portugal com o objetivo de minimizar as consequências dos incêndios. Iniciamos com seis Municípios: Mangualde, Gouveia, Oliveira do Hospital, Nelas, Tondela e Seia. Sendo este um projeto no âmbito do voluntariado contamos com patrocínios e a colaboração das respetivas Câmaras Municipais e da sociedade civil. Continuamos a ajudar de muitas outras formas outros projetos, e desta vez elegemos Portugal para ajudar” diz Patrícia Lucas Nunes e Melo, Presidente da ONGD – Take C’Air Crew Volunteers.
Esta primeira fase tem como objetivo fixar e nutrir os solos, ajudando assim a evitar derrocadas, a contaminação dos cursos de água e a sedimentação dos seus leitos e barragens. Permitirá ainda alimentar animais como as abelhas.
Na segunda fase será utilizada uma técnica japonesa, a Masanobu Fukuoka, que consiste no lançamento de bolas constituídas por sementes arbóreas e arbustivas. Estas bolas protegem as sementes quer da meteorologia quer dos animais. Esta técnica já foi utilizada com sucesso em vários países. Em Portugal, nomeadamente em Braga e em São Pedro do Sul, esta técnica foi também utilizada por particulares em áreas de menor dimensão, mas em ambos os casos com sucesso. O objetivo desta segunda fase é o de auxiliar a recuperação das espécies autóctones nas áreas afetadas e prevenir a desertificação.
Serão utilizados aviões para estas duas fases o que irá permitir abranger uma área mais vasta por Município.
O projeto conta com a colaboração do ICNF que certifica todas as sementes utilizadas e ajudará na monitorização e acompanhamento do resultado da intervenção aérea, em conjunto com quatro Universidades e Institutos Politécnicos. Conta ainda com o apoio do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, assim como o de autarquias e organizações da sociedade civil que ajudarão a tornar este projeto um sucesso para combater uma das consequências mais trágicas dos incêndios: a perda de biodiversidade e a desertificação do território português.