Nos dias 21, 22 e 23 de setembro, a equipa de Loulé que integra o projeto REMAS (INTERREG – SUDOE) esteve na cidade espanhola de Valência para participar na reunião técnica final.
A criação de um modelo de risco de emissões de gases com efeito de estufa por incêndios florestais, que poderá apoiar as administrações na tomada de decisões e até integrar os instrumentos de planeamento e ordenamento do território é o lado mais visível do trabalho realizado desde 2019, e que procurou analisar e dar respostas ao funcionamento dos reservatórios de carbono na vegetação e nos solos dos ecossistemas florestais mais representativos do Sudoeste da Europa, informa o Município de Loulé, numa nota partilhada à imprensa.
Académicos, investigadores e técnicos florestais de Portugal (Loulé), Espanha e França reuniram-se para partilhar e debater os resultados dos estudos realizados nos últimos três anos sobre a gestão do risco de emissões de gases com efeito de estufa em incêndios florestais. Por outro lado, foi apresentado um modelo que poderá constituir uma importante ferramenta de apoio às administrações para determinar o risco de emissões nos ecossistemas florestais em caso de incêndios, bem como para priorizar as ações de prevenção.
Se o primeiro dia do encontro ficou marcado pela apresentação das conclusões por parte de cada um dos parceiros, no segundo dia as equipas visitaram, na área de estudo, uma das parcelas monitorizadas. Em Chelva, nos arredores da cidade de Valência, os incêndios de 2012 queimaram 20.945 hectares de floresta. Aqui, tal como nas outras áreas de estudo – Serra do Caldeirão, Guadalajara (Espanha) e Aquitânia (França) -, foram realizadas análises e quantificações de reservatórios de carbono após os incêndios, mediante o tipo de gestão. Foram avaliados os resultados da monitorização do reservatório de carbono nos últimos dois anos. No estudo, “quantificou-se o carbono armazenado no solo e na vegetação, e foi calculado o risco de libertação de CO2 e outros gases de efeito de estufa para a atmosfera que seria gerado em caso de um incêndio rural, tendo em conta fatores como a severidade e a duração do próprio incêndio”, refere o Município.
Nesta reta final do projeto o objetivo agora é “divulgar e dar visibilidade aos resultados e expor as metodologias, o protocolo de ação, o plano de ação transnacional e o modelo elaborado”. Como tal, “inicia-se um período em que serão promovidas formações online para técnicos sobre estas matérias e que permitirão disseminar o modelo, com o intuito de otimizar a gestão territorial e ambiental”, precisa a mesma nota.
O projeto irá concluir as suas ações com um evento de comunicação dos resultados, que terá lugar a 14 de dezembro, em Lisboa, no Instituto Superior de Agronomia (um dos parceiros do projeto).
“Não obstante a perspetiva ter sido muito ambiciosa para os três anos, até porque a COVID-19 veio atrasar as ações programadas, o balanço deste projeto é extremamente positivo. Foi uma experiência profícua, não só pela intensa troca de aprendizagens mas sobretudo pelos conhecimentos técnicos adquiridos neste processo, os quais vão beneficiar muito a nossa região. Por outro lado, temos agora um modelo que está à disposição de qualquer entidade e não apenas do Município de Loulé e que poderá ser importante para considerar nos instrumentos de ordenamento do território que se venham a perfilar”, declara a equipa do Município de Loulé, coordenada pelo Gabinete Técnico Florestal, que tem acompanhado o processo.
Já da parte da AMUFOR, Rebeca Aleix Amurrio destaca que “em outubro de 2019, o REMAS começou com muita emoção e empenho; hoje, no final de setembro de 2022, encerramos a última reunião de acompanhamento não só com emoção e empenho, mas também com admiração, orgulho de cada desafio superado, da experiência que adicionamos a cada membro da equipa fantástica que formámos. A inclusão do risco de emissões de gases com efeito de estufa provenientes de incêndios florestais nos instrumentos de planeamento e nas estratégias de gestão florestal sustentável é, sem dúvida, um elemento fundamental no nosso contributo para a mitigação das alterações climáticas. A primeira fase do REMAS terminará em dezembro de 2022, mas esperamos que haja continuidade do trabalho realizado nestes três anos para possibilitar alargar o tempo de estudo os ecossistemas florestais que carecem de um maior período de estudo”.
O projeto REMAS é financiado pelo Programa Interreg Sudoe através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Aprovado em junho de 2019, é liderado pela Associação de Municípios Florestais da Comunidade Valenciana (AMUFOR) tem parceiros de prestígio como a Universidade Politécnica de Valência, a Universidade de Valência, o Conselho Provincial de Valência, o Instituto Nacional de Investigação e Tecnologia Agrária e Alimentar, a Câmara Municipal de Loulé, o Instituto Superior de Agronomia, a Escola Nacional Superior de Ciências Agrónomas de Bordéus.