Projeto “Raposa Chama”: Educar crianças e jovens para a prevenção de incêndios

**É por todos sabido que quanto mais cedo aprendemos a gostar e a valorizar algo, maior será a tendência para preservá-lo ao longo da nossa vida. É assim que desenvolvemos um sentido de pertença, de proteção e a necessidade de cuidar.

É por isso que é cada vez mais importante chamar a atenção dos mais novos para o mundo rural e para tudo o que o rodeia. O mundo rural e as florestas estão intrinsecamente ligados, e a relação entre eles desempenha um papel crucial na conservação ambiental, na economia e na sustentabilidade global.

As crianças e jovens de hoje são os guardiões do futuro, e é importante que recebam uma educação sólida sobre a importância da preservação das florestas e do mundo rural, sobre o fogo e prevenção de incêndios.

Tendo em conta a sua idade, esta mensagem tem que ser cuidadosamente planeada, com conteúdos adequados para o efeito.

Foi nesse sentido que surgiu o projeto “Raposa Chama”, com chancela da República Portuguesa, que pretende ser um apelo à ação dos mais novos, desafiando-os a serem embaixadores desta causa – Portugal protegido de incêndios rurais graves.

O grande objetivo é sensibilizar e educar as crianças e jovens de hoje que serão os futuros decisores de amanhã sobre os comportamentos de risco de incêndio, acreditando que no presente, podem ter o papel crucial de educar também os adultos, principalmente através da sua rede familiar.

Através desta iniciativa, os mais pequenos tomam conhecimento sobre as áreas rurais, que abrigam ecossistemas naturais e valores económicos e/ou naturais essenciais, como florestas, rios, lagos e áreas de conservação. A gestão sustentável desses recursos é vital para a preservação da biodiversidade e a regulação do clima global.

As zonas rurais são também geradoras de empregos em vários setores, na agricultura, na pecuária ou na silvicultura. Esses empregos não apenas sustentam comunidades, mas também têm impactos econômicos mais amplos, produzindo bens essenciais para a sociedade, quer sejam matérias-primas ou serviços de ecossistemas.

E uma das maiores ameaças ao mundo rural e florestal são os incêndios, que todos os anos destroem milhares de hectares, afetando todo um conjunto de setores.

É por isso essencial educar para a prevenção dos incêndios rurais começando pelas crianças e jovens para evitar comportamentos de risco ensinando-os também a não se colocarem eles próprios em situações de perigo. E isso é feito com uma mensagem direcionada para este público-alvo, pois “Raposa Chama” é muito mais que um conjunto de diretrizes.

Este projeto foi desenhado a pensar especificamente nos mais jovens. Para isso foi concebida uma mascote que dá o nome ao projeto, a que depois se juntaram outras, permitindo assim uma componente mais lúdica. Foi também criado um hino com mensagens de prevenção, vários materiais didáticos, bem como iniciativas promovidas nas escolas.

A ida das mascotes às escolas, por si só, desperta uma grande curiosidade nas crianças, levando-as a participar nas atividades propostas, permitindo assim que possam adquirir o conhecimento de uma forma divertida e dinâmica.

Ainda recentemente, o primeiro-ministro António Costa, acompanhou uma visita da equipa “Raposa Chama” às escolas, podendo ver no terreno a adesão a este projeto, que já percorreu vários pontos do país, sobretudo junto da comunidade educativa, nomeadamente em Ourique, Gouveia, Sardoal e Odivelas, tendo já mobilizado cerca de 2 400 crianças.

Em maio deste ano o “Raposa Chama” integrou ainda pela primeira vez o BioBlitz, um evento pedagógico e científico de referência promovido pela Fundação de Serralves, onde marcou presença com uma oficina que contemplou várias atividades lúdicas para o público infantojuvenil.

Contudo, e para que se possa alcançar cada vez mais crianças e jovens, vão ser promovidas novas ações, estimuladas através de protocolos. Aqui a parceria com as autarquias é fundamental, para que este projeto possa ter cada vez uma maior projeção.

As próximas iniciativas contemplam a formação de professores e o concurso Raposa Chama para a comunidade escolar do 1.º e 2.º ciclo, promovendo deste modo a sensibilização e educação para os comportamentos de risco de incêndio e os benefícios de cuidar da floresta.

O “Raposa Chama” pretende educar e sensibilizar o público infantojuvenil para a valorização da floresta e contribuir para a prevenção dos incêndios rurais, fomentando literacia para o uso do fogo e ecologia do fogo, para a grande diferença entre fogo bom (queimadas ou fogo controlado) e fogo mau (incêndios) e os diferentes impactos.

**Texto da responsabilidade da AGIF, publicado na Edição 102 da Ambiente Magazine