A McDonald´s Portugal tem em marcha, no restaurante de Pombal, inaugurado em novembro de 2022, um projeto-piloto de âmbito europeu que atua na área da energia renovável. O projeto foi concebido para testar um conjunto de equipamentos e ferramentas no âmbito dos objetivos globais da McDonald’s de alcançar zero emissões líquidas na sua operação e cadeia de abastecimento até 2050. Recentemente, a rede de fast food convidou a secretária de Estado da Energia e Clima, Ana Fontoura Gouveia, para visitar as instalações e dar a conhecer os mais recentes resultados da iniciativa.
Para já, estes resultados estão a ser monitorizados para que possam vir a ser replicados em novas aberturas nos próximos anos, em Portugal, e aferir ainda a sua aplicabilidade em restaurantes já existentes. Quem o diz é a McDonald’s Portugal, que em respostas envidas à Ambiente Magazine, adianta que, desde fevereiro, já foram produzidos mais de 70 mil kWh de energia. É, assim, possível afirmar que a produção de energia está a seguir as expectativas iniciais, e até as superou em alguns dias. Por exemplo, “logo em março, em alguns dias com muito sol, chegou-se a produzir cerca de 750 kWh/dia, em maio já se atingiu 950kWh/dia”, refere a rede, destacando que, “em abril, o restaurante de Pombal consumiu 35.961 kWh (média de cerca de 1200kWh/dia) e em maio consumiu 38.652kWh (média de cerca de 1250 kWh/dia)”. Ou seja, “250kWh/dia menos que os restantes restaurantes, fruto da implementação de várias medidas de redução de consumos”, precisa. Tendo em conta os últimos meses (abril e maio), os resultados mostram que o restaurante de Pombal produziu quase 60% da energia consumida: “O saldo energético é bastante bom e até permitiu injetar na rede mais energia do que a que se esperava – mais de 4.000 kWh por mês -, a par do consumo do restaurante (nas horas de luz solar) e do carregamento das baterias”, lê-se nas respostas enviadas pela McDonald’s Portugal. Pode-se concluir que “o sistema de painéis fotovoltaicos produziu, nos últimos meses, 60% da energia necessária para a operação do restaurante”, específica a rede de fast food.
O Projeto
Ativo desde maio, este piloto atua em três grandes eixos: produção de energia, através de um sistema composto por painéis fotovoltaicos; otimização da eficiência energética, com a introdução de equipamentos mais eficientes nas cozinhas; e gestão energética, com particular destaque para a instalação de baterias provenientes de carros elétricos, que permitem acumular a energia gerada durante o dia, para utilização no período noturno.
Na prática, tal como explica a McDonald’s Portugal, o sistema instalado no restaurante de Pombal é composto por painéis fotovoltaicos na cobertura do restaurante e no parque de estacionamento que, em conjunto, podem atingir uma capacidade de produção de 950 KWh/dia. No sistema de acumulação de energia são utilizadas baterias – provenientes de carros elétricos e híbridos – e permitirão usar no período noturno alguma da energia produzida durante o dia. Com a introdução de equipamentos mais eficientes no restaurante McDonald’s Pombal estima-se uma “descida do consumo de cerca de 150kWh/dia” e, caso se mantenham “produções na ordem dos 900kWh/dia”, significa que “os painéis fotovoltaicos instalados podem chegar a produzir energia para cerca de 2/3 das necessidades diárias totais do restaurante”, refere. A isto soma-se ainda que, durante o período de luz solar, e num dia de sol, “é possível que o restaurante utilize durante mais de 8 horas exclusivamente a energia que produz, consiga entregar energia à rede elétrica e carregue as baterias, acumulando energia para uso no restaurante no período noturno”, precisa a rede.
Na perspetiva da produção de energia, o restaurante dispõe a instalação de um “sistema de painéis fotovoltaicos em todo o topo do edifício do restaurante (50×545 Wp) e no parque de estacionamento (216×545 Wp)” que, segundo a McDonald’s Pombal, poderá chegar à “produção de cerca de 950kWh num dia máximo de produção”. Já na componente do consumo e gestão da energia produzida, soma-se um “sistema composto por baterias elétricas, recicladas de veículos elétricos e híbridos”, que irá permitir “usar a energia produzida durante o dia no período noturno”. Também a introdução de novos equipamentos mais eficientes, como “o ar condicionado com sistema R32, sistemas de iluminação DALI”, entre outros, permite” reduzir o consumo energético do restaurante em cerca de 1500 kWh/dia para 1350kWh/dia”. O projeto, segundo a rede de fast food, conta com a participação de cerca de uma “dezena de fornecedores nacionais e internacionais”.
Há um histórico da McDonald’s Portugal no que toca à energia
A escolha de Pombal para dar início a este piloto prende-se pelo facto de ser uma cidade que fica situada no Centro de Portugal: “Oferece um bom benchmark com a possibilidade de escalar resultados para outras localidades”.
É, portanto, um projeto-piloto da rede de fast food a nível global: “Temos alguns projetos-piloto com características distintas para se testarem diferentes valências. O restaurante de Pombal aposta na área da energia renovável sob duas vertentes: por um lado, na produção de energia através de um sistema de painéis fotovoltaicos, por outro, na redução do consumo de energia, com utilização de equipamentos mais eficientes, com destaque para sistemas de iluminação e ar condicionado de última geração”.
Apesar deste piloto ter começado, apenas, com um restaurante em Pombal, a McDonald’s Portugal já tem já um histórico na área da energia. Por exemplo, “em 2009 o restaurante de Barcelos foi o primeiro a obter a certificação Green Building; em 2012 procedeu-se ao alargamento de sistemas fotovoltaicos nos restaurantes aplicáveis e mudança para Energia Verde em 100% dos restaurantes em Portugal; em 2015 instalámos em todos os restaurantes Sistemas de Gestão de Energia e em 2020 alargámos a rede de carregadores elétricos rápidos para veículos nos restaurantes aplicáveis”.
Para curto e médio prazo, a McDonald’s Portuga acredita que a aprendizagem no restaurante de Pombal, e de outros restaurantes piloto em todo o mundo, vai possibilitar “monitorizar resultados e analisar soluções com vista a podermos implementar sistemas tailormade que nos permitam”, por um lado “produzir energia” e, por outro, “reduzir consumos e emissões de gases com efeito de estufa”. O objetivo é claro: “Contribuir para a ambição global da McDonald’s de alcançar zero emissões líquidas na sua operação e cadeia de estabelecimento até 2050”.