O Município de Fornos de Algodres, na Beira Interior, iniciou em outubro uma iniciativa única no seu género, na freguesia da Muxagata, passando a ter um sistema de recolha porta-a-porta que encaminhará os biorresíduos para tratamento numa ilha de compostagem comunitária, sendo a gestão destes serviços assegurada por uma equipa dedicada, um projeto será acompanhado pela ZERO e foi financiado pela GAIA (Global Alliance for Incinerator Alternatives) e supervisionado pela Zero Waste Europe.
Inserido na Estratégia Municipal Ambiental 2022-2025, e com contributo direto para os objetivos de desenvolvimento sustentável, o Município de Fornos de Algodres, em colaboração com a Junta de Freguesia da Muxagata, deu início no mês de outubro de 2023 a um projeto designado “Muxagata Aldeia Sustentável” que consiste numa combinação de recolha de proximidade com promoção da compostagem comunitária, alterando o modelo de recolha dos resíduos urbanos que se realizava de forma convencional, isto é, com poucos ecopontos e com a omnipresença de contentores de resíduos indiferenciado na via pública.
Sistema de recolha permitirá identificar o produtor de resíduos
A implementação deste novo sistema fundamenta-se na recolha porta-a-porta dos recicláveis – vidro, papel e cartão, plástico/metais – mediante a utilização de sacos facilmente identificáveis com as cores verde, azul e amarelo, respetivamente, e dos biorresíduos (restos de comida das nossas cozinhas e dos jardins), mediante contentor de 5 litros. Os sacos e os baldes foram distribuídos à população durante uma primeira campanha de sensibilização, em que cada alojamento ficou com um conjunto de sacos e o pequeno contentor, sendo que este último ficou identificado com uma referência numérica que identifica o produtor dos resíduos, permitindo posteriormente bonificar aqueles que separam adequadamente os biorresíduos.
A recolha é assegurada por uma equipa municipal, com o apoio da Junta de Freguesia, e ocorre três vezes por semana (segundas, quartas e sextas) para facilitar a vida aos cidadãos na separação e escoamento dos resíduos domésticos. Numa segunda fase, os contentores do indiferenciado, disponíveis na rua, serão substituídos por outros mais pequenos por forma a sinalizar junto dos cidadãos que o objetivo é a separação. Com este novo sistema, os cidadãos da Muxagata podem separar facilmente os resíduos nas suas casas e só terão de colocar os sacos dos recicláveis e o pequeno contentor dos biorresíduos à porta de casa nos dias da recolha.
Em paralelo, e não menos importante, é que já está a funcionar uma unidade de compostagem comunitária instalada na freguesia que permitirá tratar a totalidade dos biorresíduos separados pela população. O correto funcionamento da unidade será assegurado por técnicos e assistentes operacionais do Município e da Junta de Freguesia, sendo que esta equipa que ficará responsável gerir e monitorizar todas fases do processo de compostagem até se obter o composto, por forma a que o mesmo possa ser disponibilizado à população para utilização em jardins e hortas, ou possa ser encaminhado para a gestão dos espaços verdes municipais.
O aspeto mais importante deste novo sistema, para além de aproximar a gestão dos resíduos dos cidadãos e de sensibilizar para uma correta separação dos resíduos, mediante o apoio e a comunicação constantes da equipa da Junta de Freguesia, é que a gestão dos biorresíduos passa a ser efetuada numa ótica de proximidade. Salienta-se que até ao momento não havia qualquer recolha de biorresíduos e estes eram recolhidos, misturados nos resíduos indiferenciados, e transportados até às instalações da RESISTRELA. Uma vez nas instalações de tratamento mecânico e biológico se encontram a 100 km de distância, passam a existir ganhos ambientais e poupanças muito significativas para Município de Fornos de Algodres, para além de existiram mais garantias de que o composto produzido possui a qualidade adequada para utilizar nos solos sem haver risco de contaminação.
Quais são os benefícios de haver uma combinação de recolha e tratamento de proximidade?
Os biorresíduos representam cerca 30% a 40 % do total dos resíduos urbanos e até o momento esta fração, por não haver separação, encontra-se misturada nos resíduos. Assim, e uma vez separada esta que é a maior fração existente nos resíduos urbanos e havendo garantias que é efetuado o seu tratamento na origem, a ZERO estima que:
- Até 25 toneladas de resíduos orgânicos produzidos na Muxagata deixarão de ser transportadas a 100 km de distância, reduzindo substancialmente o consumo de combustível dos camiões e as emissões de CO2 e outros poluentes para a atmosfera;
- Os cidadãos poderão comprovar que os seus resíduos têm efetivamente uma nova vida, contribuindo para uma maior consciência ambiental;
- Será incrementada a recolha dos outros resíduos recicláveis, nomeadamente as embalagens de vidro, papel e cartão, plástico/metais em resultado de ter gerado maior proximidade e acessibilidade ao sistema;
- Os restantes resíduos sujeitos a triagem nas instalações da RESIESTRELA terão um teor mais baixo de impróprios, melhorando o desempenho global do processo de reciclagem multimaterial e aumentando o valor comercial dos materiais separados, com a vantagem adicional de que haverá menor a deposição em aterro.